terça-feira, 28 de julho de 2009

Lembra De Mim Final

Capítulo 21

O mundo finalmente tinha enlouquecido. Esta era a prova. Enquanto eu caminhava por Langridges e desatei minha echarpe rosa brilhante, fui obrigada a esfregar os olhos. Era apenas 16 de outubro, e já estavam enfeitando tudo por toda a parte. Havia uma árvore de natal coberta de bugigangas, e um coral posicionado no mezanino, cantando alto "Hark the Herald* ".(*Hark The Herald Angels Sing é um hino de natal muito popular, escrito em 1739 por Charles Wesley)
Em breve eles estarão iniciando a correria do período de Natal para o dia 1º de janeiro. Ou eles começarão a ter uma meia-estação extra de Natal. Ou simplesmente vai ser Natal o tempo todo, mesmo nas férias de verão.
"Oferta Especial de pacote festivo Calvin Klein?" falava monotonamente uma garota de branco com aparência entediada, e eu me esquivar dela antes de ser pulverizada. Embora, pensando novamente, Debs gostava bastante daquele perfume. Talvez eu o comprasse para ela.
"Sim, por favor", eu disse, e a menina quase cai de surpresa.
"Embrulho de presente festivo?" Ela se apressou de volta para trás
do balcão antes que eu pudesse mudar de idéia.
"Embrulhe pra presente, por favor", eu disse. "Mas não festivo."
Enquanto ela amarrava os laços no pacote, eu me observava no espelho
atrás dela. Meu cabelo ainda estava longo e brilhante, apesar de não terem nem uma sombra do brilho que tinha antes. Eu estava usando jeans e um cardigan verde e os meus pés estavam confortáveis em tênis de camurça.
Meu rosto estava livre de maquiagem; minha mão esquerda estava livre de uma aliança.
Eu gosto que vejo. Gosto de minha vida.
Talvez eu não tenha mais a vida dos sonhos.
Talvez eu não seja uma multimilionária vivendo em uma cobertura gloriosa, com vista panorâmica de Londres.
Mas Balham é bem legal. O que é mesmo mais legal é o meu escritório que fica no andar de cima do meu flat, então eu faço a viagem mais curta do mundo pro trabalho. E talvez seja por isso que eu não entro mais no meu jeans mais skinny. Isso, e as três fatias de torradas que como no café da manhã todo dia.
Três meses depois, a empresa tem funcionado tão bem, que às vezes tenho que beliscar a mim mesma. O contrato com a Porsche
está acontecendo e já até conquistou o interesse da mídia. Nós fechamos outro acordo para fornecer tapetes para uma cadeia de restaurantes - e só hoje, Fi vendeu o meu desenho favorito da Deller - um com uma estampa de círculo laranja - para um spa moderno.
É por isso que eu estou aqui, fazendo compras. Eu achei que todos da
equipe merecem um presente.
Paguei pelo perfume, peguei minha sacola, e andei pela loja. Assim que eu passei por uma prateleira de saltos altos de balançar, eu lembrei de Rosalie, e não pude evitar de sorrir. Logo que ela ouviu que Eric e eu estávamos nos separando, Rosalie anunciou que ela não iria tomar partido, e que eu era sua amiga mais íntima e que ela seria a minha rocha, a minha absoluta rocha.
Ela chegou a me visitar uma vez. Ela estava uma hora atrasada, porque ela mandou que o GPS não fosse ao sul do rio, e, depois, ficou traumatizada pelo que ela classificou como uma perturbação de gangues de rua. (Dois garotos brincando uns com os outros. Ela disse que eram oito).
Ainda assim, ela tinha feito melhor do que minha mãe, que é dava um jeito de cancelar cada visita prevista por causa de algum cão doente ou outro. Nós ainda não falamos desde a vez que fui vê-la naquele dia, não adequadamente.
Mas Amy me manteve informada. Aparentemente, no dia seguinte ao da minha visita, sem uma palavra a ninguém, mamãe reuniu toda a sua carga de roupas decoradas e as enviou a um brechó.
Então ela foi para o cabeleireiro. Ao que tudo indica ela tem cabelos curtos agora, o que realmente combina com ela, e ela comprou algumas calças de aspecto bem moderno. Ela também arranjou um homem que entende de fungos que destroem papeis de parede - e pagou para que ele tirasse as pedras de pavimentação do papai.
Sei que isso não parece muita coisa. Mas, no mundo da minha mãe, esse era um enorme progresso.
E por uma fantástica e completamente positiva iniciativa, Amy voltou a freqüentar a escola de forma impressionante! De algum jeito ela conseguiu uma vaga em Estudos de Negócios de nível A, ao lado de todas as alunas do ensino secundário preparadas para entrar na universidade, e seus professores ficaram perplexos com seu progresso.
Ela chegará a fazer estagio com a gente nas férias de Natal - e eu estou realmente ansiosa por isso.
No que diz respeito a Eric... Eu sempre suspiro quando penso nele.
Ele ainda pensa que estamos em uma separação temporária, mesmo
eu tendo contatado o seu advogado sobre o divórcio. Cerca de uma semana depois que me mudei, ele me enviou um documento datilografado intitulado Lexi e Eric: Manual de Separação. Ele sugeriu que tínhamos o que ele chamou de "reunião marco do projeto" cada mês. Mas eu não fui nem sequer uma vez. Eu apenas... não posso ver Eric agora.








Também não posso me submeter a olhar para a sua seção intitulada
‘Separação e Sexo: infidelidade, Sozinha, Reconciliação, Outros.’
Outros? O que a Terra -
Não. Não quero sequer pensar nisso. O ponto é que, não existe razão nenhuma para insistir em viver no passado. Não há um ponto a considerar. É como Fi disse, você tem que se manter olhando para o futuro. Estou ficando muito boa nisso. Na maior parte do tempo, é como se o passado estivesse numa outra área, lacrada em minha cabeça, com fita adesiva colada em todas as bordas.
Eu dei uma parada no departamento de acessórios e comprei uma bolsa exclusiva num tom de roxo da moda para Fi. Então subi as escadas e encontrei uma camiseta moderna no estilo anos setenta para Carolyn.
"Vinho aquecido para as festas?" Um cara em um gorro de Papai Noel oferece uma bandeja cheia de minúsculas taças, e eu pego uma. Enquanto eu estava vagando, eu percebi que eu estava levemente perdida no novo layout do piso, e pelo jeito tinha me enganado e desviado para a sessão de roupas masculinas. Mas não importava, eu estava sem pressa. Eu fiquei vagando por alguns instantes, bebericando o tal do vinho quente, ouvindo os cânticos natalinos e observando as luzes decorativas piscando...
Oh Deus, eles me pegaram. Eu estou começando a me sentir no espírito natalino. Ok, isso é mau. Estamos apenas em outubro. Tenho de sair, antes que eu comece a comprar embalagens gigantes de empadas de carne moída e Cds do Bing Crosby* (*cantor americano muito popular nos anos 30 que gravou músicas de natal como "White Christmas" e "Silent Night" vendendo milhões de cópias) e me perguntando se O Mágico de Oz estaria em cartaz. Estava apenas à procura de algum lugar para colocar meu copo vazio, quando uma voz brilhante me cumprimenta.
"Olá novamente!"
Estava vindo de uma mulher loira com cabelos curtos que estava dobrando suéteres em tos pastéis no departamento masculino da Ralph Lauren.
"Er... Olá", eu disse incerta. "Eu conheço você?"
"Ah, não." Ela sorriu. "Eu só lembro de você do ano passado."
"No ano passado?"
"Você esteve aqui, comprando uma camisa para o seu... amigo". Ela lançou olhares em minha mão. "Para o Natal. Tivemos uma conversa bem longa sobre como eu tinha o dom para fazer embalagens. Eu sempre me lembro disso."
Encarei ela novamente, tentando imaginar. Eu, aqui. Fazendo compras de Natal. A velha Lexi, provavelmente em um terno bege de negócios, provavelmente com uma terrível pressa; provavelmente de cara fechada pelo o stress.
"Lamento", eu digo em comprimento. "Eu tenho uma péssima memória.
O que eu disse?"
"Não se preocupe!" Ela ri alegremente. "Por que você deveria se lembrar? Acabei de lembrar disso, porque você estava tão... ".
Ela faz uma pausa, no meio da dobra de um suéter. "Isso parece ridículo, mas você parecia tão apaixonada."
"Certo". assenti. "Certo". Eu arrumei de volta uma mecha de cabelo, dizendo a mim mesma para sorrir e ir embora. É uma pequena coincidência, só isso. Não é grande coisa. Vamos, sorria e vá.
Mas, enquanto eu estava parada lá, com as luzes decorativas piscando e do coro cantando "The First Nowell", e uma estranha mulher loira estava me dizendo o que eu fiz no último Natal, todos os tipos de sentimentos enterrados estavam emergindo; pressionando para fora a todo vapor. A fita que selava estava soltando em uma das bordas; eu não podia mais manter o passado em seu lugar.
"Isto pode parecer tipo... uma pergunta estranha." Eu esfreguei o meu úmido lábio superior. "Mas eu disse qual era o seu dele?"
"Não." A mulher me olhou curiosamente. "Você simplesmente disse que ele lhe trouxe à vida. Que você não tinha vivido antes. Você estava mais radiante com ele, com a felicidade ao lado dele." Ela põe o suéter para baixo e me olha com curiosidade genuína. "Você não se lembra?"
"Não."
Alguma coisa estava apertando em minha garganta. Era Jon.
Jon, sobre quem eu tenho tentado não pensar a cada dia desde que eu fui embora.
"O que foi que eu comprei pra ele?"
"Foi uma camisa desta, como me lembro." Ela me entrega uma camisa verde claro e, em seguida, retorna a outro cliente. "Eu posso ajudar você?"
Eu segurava a camisa, tentando imaginar Jon nela; eu escolhendo para ele. Tentando invocar a felicidade. Talvez fosse o vinho; talvez fosse só o fim de um longo dia. Mas parecia que eu não podia largar essa camisa. Eu não posso deixá-la.
"Posso comprá-la, por favor?" Digo assim que a mulher ficou livre. "Não se preocupe em embrulhá-la."
• • •
Não sei o que há de errado comigo. Enquanto já estava fora de Langridges e sinalizo a um táxi eu ainda estava com a camisa verde,
presa ao meu rosto como um cobertor confortável. A minha cabeça toda estava se movimentado, o mundo estava retrocedendo, como se eu estivesse começando uma gripe ou algo parecido.
Um táxi se adianta e eu entro, no piloto automático.
"Para onde? Me pergunta o motorista, mas eu quase não o ouvi. Eu não conseguia parar de pensar em Jon. Minha cabeça zumbia mais forte; Eu me agarrava à camisa...
Estava sussurrando.
Não sei o que minha cabeça estava fazendo. Eu estava sussurrando uma melodia que eu não sabia. E tudo que eu sabia é que tinha a ver com Jon.
Esta música era o Jon. Significava Jon. É uma melodia que eu conheci através dele.
Eu fechei os olhos desesperadamente, perseguindo-a, tentando fazê-la se render, como um flash de luz, estava na minha cabeça.
Era uma memória.
Eu tenho uma memória. Em relação a ele. A mim. Nós dois juntos. O cheiro de sal no ar, seu queixo arranhando, um suéter cinza... e da melodia. É isso aí. Um momento fugaz, nada mais.
Mas eu o tenho. Tenho isso.
"Amor, para onde?" O condutor e se virou e abriu a divisória.
Eu olhei para ele como se estivesse falando uma língua estrangeira. Eu não podia deixar que qualquer outra coisa entrasse em minha mente, eu tinha que segurar esta memória, eu tinha que cultivá-la...
"Pelo amor de Deus". Ele rola seus olhos. "Aonde-você-quer-ir? "
Há apenas um lugar eu posso ir. Eu tenho que ir.
"... Para... Hammersmith." Ele se vira, passa a marcha no táxi, e após um ronco nós fomos.
À medida que o táxi se movia através Londres, me sentei parafusada na posição vertical, tensa, apertando as tiras das sacolas. Eu sentia como se minha cabeça tivesse um precioso líquido dentro e se eu me balançasse ele seria derramado. Eu não podia pensar sobre isso ou se eu iria usar isso. Eu não podia falar, ou olhar para fora da janela, ou deixar alguma coisa entrar em meu cérebro de maneira alguma. Eu
tinha de manter essa memória intacta. Eu tinha que dizer isso a ele.
Assim que chegamos na rua de Jon, empurrei algum dinheiro ao condutor e saí, imediatamente percebendo que deveria ter ligado primeiro. Eu puxei meu celular e apertei o seu número. Se ele não estivesse aqui eu iria para onde quer que ele estivesse.
"Lexi?" ele responde o telefone.
"Estou aqui," eu arfei. "Eu me lembrei."
Houve um silêncio. O telefone ficou morto e podia ouvir rápidos passos no interior. No próximo minuto a porta da frente balançou aberta na parte superior dos degraus e lá estava ele, em uma camisa gola pólo e jeans, e um velho tênis Converse em seus pés.
"Eu lembrei de alguma coisa," Eu despejei antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. "Eu lembrei de uma melodia. Eu não a conheço, mas eu sei que a ouvi com você, na praia. Nós devemos ter estado lá há um tempo. Ouça!" Eu comecei sussurar o zumbido, ávida em esperança. "Você se lembra?"






"Lexi..." Ele empurra suas mãos pelo cabelo. "Do que você está falando? Por que você está carregando uma camisa?" Ele se foca nela novamente. "Essa camisa é minha?"
"Eu ouvi isso com você na praia! Eu sei que ouvi." Eu sei que estou tagarelando incoerentemente, mas não posso evitar. "Lembro-me do ar salgado e seu queixo que estava arranhando e era algo assim... " Eu comecei o zumbido de novo, mas sabia que estava ficando mais impreciso, lutando pelas notas certas. Por fim eu desisti e parei com expectativa. O rosto de Jon estava perturbado, perplexo.
"Não me lembro", diz ele.
"Você não se lembra?" eu olhava para ele indignada em descrença.
"Você não se lembra? Me poupe! Pense em antes! Estava frio, mas nós estávamos aquecidos de algum modo, e você não tinha feito a barba... você estava com um suéter cinzento no..."
De repente seu rosto se muda. "Oh Deus. Aquela vez que fomos a Whitstable. É disso o que você está lembrando?"
"Eu não sei!" Eu digo desamparada. "Talvez."
"Nós fomos a Whitstable passar o dia." Ele está acenando a cabeça. "Para a praia. Estava um frio fodido, por isso, nós nos empacotamos e nós tínhamos um rádio com a gente... hum, faz a melodia novamente?"
Ok, eu nunca deveria ter mencionado a melodia. Eu sou um droga cantando. Mortificada, comecei o zumbido novamente. Só Deus sabe o que eu estava cantando agora...
"Espera. Essa não era aquela música que estava tocando em todos os lugares?" Bad Day "."
Ele começa o zumbido e é como um sonho se tornando real.
"Sim!" Digo ansiosamente. "É isso aí! Essa é a música!"
Há uma longa pausa, e Jon esfrega seu rosto, olhando distraído.
"Então, isso é tudo o que você se lembra. Uma melodia".

Quando ele disse isso dessa forma me fez sentir completamente estúpida por ter me lançado através de toda Londres. E, de repente,a fria realidade estava indo de encontro com minha euforia. Ele não estava mais interessado, ele superou. Ele provavelmente tinha uma namorada agora.
"Sim". Eu limpei a minha garganta, tentando sem sucesso, parecer
indiferente. "Isso é tudo. Eu só achei que eu deveria deixar que você soubesse que eu lembrava de alguma coisa. Sem nenhum interesse especial. Então...UM ... de qualquer forma. Foi bom ver você. Tchau."
Eu peguei minhas sacolas de compras com as mãos desajeitadas. Minhas bochechas ardiam miseravelmente enquanto eu me virei para ir embora. Isto foi tão embaraçoso. Eu precisava sair daqui, o mais rápido possível. Eu não sei o que eu estava pensando -
"Isso é suficiente?"
A voz de Jon me pega de surpresa. Eu me voltei, para ver que ele tinha descido metade da escada, seu rosto firme com esperança. E com essa visão dele, todo o meu disfarce desmontou. Os três últimos meses pareciam desaparecer gradualmente. Éramos só nós outra vez.
"Eu... eu não sei," Eu consegui dizer por fim. "Será?"
"É a sua chamada. Você disse que precisava de uma memória. Um fio que nos ligasse...a nós." Ele dá mais um passo para baixo em minha direção. "Agora você tem um."
"Se eu tenho, é o fio mais fino do mundo. Uma melodia". Eu faço um som que era para ser uma risada. "É como... uma teia de aranha. Delicadamente fino".
"Pois bem, se segure a ele." Seus olhos escuros nunca deixando os meus, ele estava descendo o resto dos degraus, rompendo em
uma corrida. "Segure-a, Lexi. Não deixe que se quebre." Ele chegou a mim e me envolveu firmemente em seus braços.
"Não vou deixar," Eu sussurro e me agarro a ele. Eu não quero nunca
deixá-lo ir de novo. Sair dos meus braços. Sair da minha cabeça.
Quando finalmente me recuperei, três crianças estavam olhando para mim das escadas do vizinho.
"Ooh", diz uma. "Sexyyyyy."
Não pude deixar de rir, mesmo que os meus olhos estivessem brilhando com lágrimas.
"Yeah," Eu concordo, assentindo para Jon. "Sexy".
"Sexy". Ele sinaliza de volta pra mim, suas mãos abrangendo minha
cintura; seus polegares suavemente acariciando os ossos do meu quadril como eles pertencessem ali.
"Ei, Jon". Eu coloquei minha mão sobre a minha boca, como se tivesse tido uma súbita inspiração. "Adivinha o quê? De repente me lembrei de outra coisa."
"O que?" Seu rosto se acendeu. "Do que você lembrou?"

"Lembro-me de entrar em sua casa... tirando os telefones dos ganchos... e fazer o melhor sexo de toda minha vida por sólidas vinte e quatro horas", eu digo seriamente. " Eu ainda lembro a data exata."
"Sério?" Jon sorri, mas parece um pouco perplexo. "Quando?"
"16 de outubro de 2007. Cerca de..." Consulto o meu relógio."Quatro e cinqüenta e sete da tarde."
"Aaah". O rosto de Jon clica no entendimento. "Claro.Sim, eu me lembro disso também. Foi um momento muito impressionante,não foi? "Ele corre um dedo para baixo minhas costas e eu sinto um delicioso arrepio de antecipação. "Só que eu acho que foram quarenta e oito horas sólidas. Não só vinte e quatro."
"Tem razão". Eu fiz um barulho com a minha língua fingindo censura.
"Como eu poderia ter esquecido?"
"Vamos lá". Jon me leva até as escadas, com sua mão firme na minha, para a torcida e os aplausos das crianças.
"A propósito," eu disse enquanto ele chutava a porta atrás de nós para fechá-la. "Não tenho boas relações sexuais desde 2004. Só para você saber."


Jon dá gargalhadas. Ele arranca fora sua camisa pólo, em um movimento e eu sinto uma faísca imediata de luxúria. Meu corpo se lembra disso, mesmo que eu não.
"Eu vou aceitar esse desafio." Ele chega perto, pega o meu rosto nas suas duas mãos, e apenas me observa por um momento, silencioso e
proposital e até o meu interior estar derretendo de desejo. "Então me lembre... o que aconteceu após as quarenta e oito horas acabarem?"
Não conseguia mais segurar. Tinha que puxar para mim o seu rosto para um beijo. E este eu não vou esquecer nunca, eu vou manter guardado para sempre.
"Eu vou te dizer," Eu sopro, finalmente, a minha boca contra a quente e macia pele de Jon. "Eu vou te dizer toda vez que me lembrar."

FIM!!

Lembra De Mim Cap18 ao 20

Capítulo 18

No caminho de volta, me sentei em silêncio por um longo, longo tempo. Estava firmemente agarrada à pasta azul no meu colo como se ela pudesse tentar fugir. Os campos passavam rapidamente lá fora. Jon me lançava olhares de vez em quando, mas não falava nada.
Eu estava dando voltas ao redor de tudo que aconteceu, na minha cabeça, tentado digerir tudo que eu acabara de aprender. Eu sinto
como se eu tivesse feito uma graduação em Lexi Smart, no espaço de
meia hora.
"Eu ainda não consigo acreditar meu pai nos deixou em dificuldades como essas," eu digo afinal. " Sem nenhum aviso ou qualquer coisa. "
"Ah, não?" Jon soava evasivo.
Tirando meus sapatos, eu coloquei meus pés em cima do assento e apoiei o meu queixo no meu joelho, olhando para a estrada. "Você sabe, todo mundo amava meu pai. Ele era tão bonito, e divertido, e cheio de vida, e ele nos amava. Mesmo que ele fodido tudo algumas vezes, ele realmente nos amava. Ele costumava nos chamar de suas três garotas."
"Suas três garotas." A voz de Jon estava mais seca do que nunca. "A
obsessiva-por-cães em negação, uma adolescente estelionatária, e uma desmemoriada confusa. E todas elas devendo. Bom trabalho, Michael. Muito bem feito."
Eu atirei nele com o olhar. "Você não pensa muito bem do meu pai, não é?"
"Acho que ele se divertiu bastante e deixou as conseqüências de tudo
para vocês lidarem ", diz Jon." Eu acho que ele era um egoísta safado. Mas ei, eu nunca conheci o cara". Abruptamente ele sinaliza e passa para outra faixa. Suas mãos estavam segurando firmemente o volante, eu de repente notei. Ele parecia quase zangado.

"Pelo menos eu fiz de mim mesma um pouco mais." Eu mastigava a minha unha do polegar. "Será que eu nunca falei com você sobre isso? O funeral?"
"Uma ou duas vezes." Jon me dá um sorriso irônico.
"Oh, certo." Eu corei. "O tempo todo. Devo ter aborrecido você até a morte."
"Não seja boba." Ele tira a mão do volante e aperta a minha brevemente. "Um dia, muito antes, quando nós ainda éramos apenas amigos, tudo isso saiu. A história toda. Como esse dia mudou a sua vida. Como você assumiu a dívida de sua família, marcado uma hora com um dentista especialista em estética no dia seguinte, entrou numa dieta radical, decidido a mudar tudo sobre si mesma. Então você passou na televisão e tudo se tornou ainda mais extremo. Você decolou em sua carreira, você conheceu Eric, e ele parecia ser a resposta. Ele era sólido, rico, estável. Um milhão de milhas de distância do..." Ele fica em silêncio.
“Meu pai,” eu disse eventualmente. "Não sou psicólogo. Mas poderia adivinhar."
Houve um silêncio. Eu assisti a um pequeno avião subindo mais e mais alto para o céu, deixando um rasto duplo de fumaça branca.
"Você sabe, quando eu acordei, achei que tinha aterrizado na vida dos sonhos", eu digo devagar. "Eu pensava que eu era Cinderela. Que estava melhor do que a Cinderela. Pensava que eu deveria ser a garota mais feliz no mundo..." Eu interrompi assim que Jon balançou sua cabeça.
"Você estava vivendo toda a sua vida sob pressão. Você foi muito longe muito cedo, você não soube como lidar com isso; você cometeu erros." Ele hesita. "Você alienou suas amigas. Você descobriu que essa era a parte mais difícil de todas."
"Mas eu não compreendo", eu digo indefesa. "Eu não entendo a razão pela qual me tornei uma cadela ".
"Não era sua intenção. Lexi, dê um desconto a si mesma. Você
foi empurrada para essa posição de chefe. Você tinha um grande departamento para dirigir, você queria impressionar seus superiores, não ser acusada de favoritismo... e você teve dificuldades. Você fez algumas coisas da forma errada. Então você se sentiu aprisionada numa armadilha. Você construiu esta personagem dura. Isto fazia parte de seu sucesso".
"A Cobra", eu disse, me retraindo. Eu ainda não consigo acreditar que fui apelidada de serpente.
"A Cobra". Ele assente, ativando um sorriso em sua boca novamente. "Você sabe, isso foi idéia dos produtores da TV. Essa não era você. Embora eles tivessem descoberto algo - que você é bem estilo cobra quando se trata de negócios."
"Não, eu não sou!" Eu levantei minha cabeça horrorizada.
"De um jeito bom." Ele força um riso.
De um jeito bom? Como você pode ser como uma cobra de um jeito bom?
Ficamos na estrada por um tempo sem falar, campos dourados se estendiam longe de ambos os lados. Com o tempo Jon ligou o rádio. The Eagles estavam tocando "Hotel Califórnia" e, enquanto nós seguíamos assoviando, a luz do sol cintilava sobre o pára-brisa, de repente senti como nós pudéssemos estar em outro país. Numa outra vida.
"Você disse uma vez para mim, se você pudesse voltar no tempo e
fazer tudo diferente, você faria." a voz de Jon estava mais suave
do que antes. "Com tudo. você... o seu trabalho... Eric... Tudo parecia diferente quando o brilho já não existia. "
Eu sinto uma súbita picada, à menção do Eric. Jon falava como se tudo estivesse no passado - mas isto é agora. Estou casada.
Também não me agrada o que ele estava indicando.
"Olhe, eu não sou uma superficial caçadora de dotes, ok?" Digo
fervorosamente. "Devo ter amado Eric. Eu não iria casar com um cara apenas por causa do glamour."
"No começo você pensou Eric fosse o certo pra você", Jon concorda.
"Ele é charmoso, ele é confiável... Na verdade, ele é como um
dos sistemas inteligentes de nossos lofts. Coloque na função 'Marido' e ele faz tudo."
"Pare com isso."
"Ele é atualizado. Ele tem uma gama de configurações de humor; ele é sensível ao toque... "
"Para." estava tentando não rir. Eu me inclinei pra frente e aumentei o som do rádio ao máximo, como se bloqueasse Jon. Um momento
mais tarde eu pensei no que eu queria dizer, e baixei o som novamente.
"Ok, veja. Talvez nós tenhamos tido um caso. No passado. Mas isso não significa que... Talvez eu queira fazer o meu casamento funcionar desta vez."
"Você não pode fazê-lo funcionar." Jon não deixava passar uma. "Eric
não te ama."
Porque é que ele tinha que ser um tão infame sabe-tudo?
"Sim, ele ama." Eu dobrei meus braços. "Ele me disse. Na realidade, foi realmente romântico, se você quer saber."
"Ah sim?" Jon não soa remotamente incomodado. "O que ele disse?"
"Ele disse que se apaixonou pela minha linda boca e minhas pernas longas e pela maneira que eu balançava a minha pasta." Eu não pude evitar ruborizar conscientemente. Eu sempre lembrava de Eric dizendo isso, na verdade eu memorizei cada palavra.
"Isso é um monte de lixo." Jon nem sequer se vira.
"Não é um monte de lixo!" Eu repliquei indignada. "É romântico!"
"Ah, realmente? Então será que ele iria te amar se você não balançasse sua pasta?"
Fiquei momentaneamente embaraçada. "Eu... Não sei. Este não é o ponto."
"Como isso pode não ser o ponto? É exatamente o ponto. Ele estaria te amando, se suas pernas não fossem longas?"
"Eu não sei!" Digo mal-humorada. "Cala a boca! Foi adorável, um momento bonito."
"Foi tudo besteira".
"Ok". Eu projetei meu queixo. "Então o que você ama em mim?"
"Eu não sei. A essência do que você é. Eu não posso transformá-la numa lista", diz ele, quase ofensivamente.
Houve uma longa pausa. Estou olhando sempre em frente, os meus braços ainda fortemente dobrados. Jon centrou-se na estrada, como se ele já tivesse esquecido a conversa. Estamos ficando mais perto de Londres agora, o tráfego se intensificava à nossa volta.
"Tudo bem", diz ele, finalmente, enquanto parávamos em uma fila
de automóveis. "Eu gosto da maneira como você chia em seu sono."
"Eu chio no meu sono?" Digo sem acreditar.
"Tal como um esquilo".
"Eu pensei que eu deveria ser uma cobra," Eu repliquei. "Se decida."
"Cobra de dia." Ele assente. "Esquilo a noite."
Estava tentando manter a minha boca reta e firme, mas um
sorriso me desafiava.
Enquanto avançávamos lentamente em direção a via de alta velocidade, o meu telefone emite um sinal sonoro com uma mensagem, e eu puxei-o para fora.
"É Eric," digo após a leitura. "Ele chegou com segurança em
Manchester. Ele está analisando a extensão de alguns novos terrenos para um eventual projeto por alguns dias."
"Uh-huh. Eu sei." Jon oscilando em torno de uma rotatória.

Estamos na periferia da cidade agora. O ar parece mais acinzentado e um pingo de chuva de repente caem sobre minha bochecha. Eu me arrepiei, e Jon coloca a capota da Mercedes de volta. Seu rosto estava imóvel enquanto ele negociava as ultrapassagens nas faixas da via de alta velocidade.
"Você sabe, Eric poderia ter pago a dívida do seu pai durante o sono", ele diz de repente, num tom tipo-não-tô-nem-aí. "Mas ele deixou que você pagasse. Nunca chegou a mencionar fazê-lo."
Sinto-me desvalorizada. Não sei como a responder a isto; eu não
sabia o que pensar.
"É o dinheiro dele", eu digo afinal. "Por que ele deveria? E, mesmo assim, eu não preciso da ajuda ninguém."
"Eu sei. Eu ofereci. Você não aceitou nada. Você teimosa demais." Ele chega a um cruzamento grande, alinhou-se por trás de um ônibus, e voltou a olhar para mim. "Eu não sei o que você está planejando fazer agora".
"Agora?"
"O resto do dia de hoje." Ele dá de ombros. "Se Eric está fora."
Dentro de mim, bem fundo, algo começa a se agitar. Uma suave pulsação, que não gostaria de admitir. Nem sequer a mim mesma.
"Bem". Eu tento usar o tom profissional. "Eu não estava planejando
fazer nada. Apenas ir para casa, comer alguma coisa, ler esta pasta..." Eu me forcei a dar uma pausa natural antes de acrescentar, "Porquê?"
"Nada". Jon dá uma pausa também, e franze a testa em frente a estrada antes de ele acrescentar casualmente, "É só que tem algumas coisas suas no meu apartamento. Você pode querer pegá-las de volta."
"Ok". Eu levanto os ombros descompromissadamente.
"Ok". Ele oscilou o carro em volta e nós o fizemos o resto o caminho em silêncio.
• • •
Jon vive no apartamento mais bonito que eu já tinha visto.
Ok, fica numa rua brega, em Hammersmith. E você tem de ignorar o graffiti na parede oposta. Mas o lugar é grande e de tijolos brancos, com janelas enormes com um arqueado antigo, e elas se concentram em volta do apartamento até colidir com o prédio vizinho, ficando, portanto, um milhão de vezes mais amplo do que parece olhando pelo lado de fora.
"Isto é... incrível."
Eu estou de pé parada, admirada com seu trabalho em torno do espaço, quase sem fala. O teto é alto e as paredes são brancas e tem uma mesa alta inclinada coberta em papel, ao lado de uma estação de trabalho munida de um imponente Apple Mac. Na esquina tem um suporte de madeira para desenhos, e no lado oposto tem uma parede inteira coberta de livros, com uma antiquada escada de biblioteca sobre rodas.
"Toda esta fila de casas foi construída como estúdios de artistas".
Os olhos de Jon cintilavam enquanto ele andava ao redor, pegando
cerca de dez xícaras de café antigas e desaparecendo com elas para dentro da pequena cozinha.
O sol saiu novamente e estava reluzindo através do arqueado das janelas em direção ao piso de madeira reformado. Pedaços de papel cobertos com linhas, desenhos e esboços descartados, estavam no chão. Largada no meio de todo o trabalho estava uma garrafa de tequila ao lado de um pacote de amêndoas.
Eu levanto o olhar e vejo Jon parado na porta da cozinha, me assistindo silenciosamente. Ele agita seu cabelo como se tentasse quebrar um clima, e diz, "Suas coisas estão por aqui."
Eu andei para onde ele estava apontando, através de um arco onde ficava uma acolhedora sala de estar. Ela era decorada com grandes sofás azuis de algodão e um enorme pufe de couro e uma velha televisão equilibrada em uma cadeira. Atrás do sofá estavam umas prateleiras de madeira surrada, aleatoriamente preenchida com livros e revistas e plantas e...
"Essa é a minha caneca." Encarei a caneca pintada à mão de cerâmica vermelha que Fi me deu de presente uma vez no meu aniversário, em cima da prateleira como ela pertencesse àquele lugar.
"Yeah". Jon concordou. "Isso era o que eu queria dizer. Você deixou coisas aqui." Ele a pegou e entregou-a para mim.
"E... meu suéter!" Havia um velho suéter gola role com nervuras
estendido em cima de um dos sofás. Eu tinha ele desde sempre, desde que eu tinha dezesseis anos. Como foi que -
Olhei ao redor sem acreditar enquanto mais coisas brotavam em minha visão, como um Olho Mágico. Aquela pele de lobo falsa com a qual eu sempre costumava me embrulhar. Antigas fotos do colégio em seus porta-retratos. Minha torradeira retro rosa?
"Você costumava vir aqui e comer torradas." Jon segue meu olhar espantado. "Você costumava comer até se empanturrar como você passasse fome".
Subitamente eu estava vendo o outro lado de mim; o lado que eu pensava ter desaparecido para sempre. Pela primeira vez desde que eu acordei no hospital, sinto como se estivesse em casa. Tinha até um barbante com luzes decorativas ao redor da planta, no canto; as mesmas luzes decorativas que eu tinha no meu pequeno apartamento em Balham.
Todo esse tempo, todas as minhas coisas estavam aqui. De repente eu lembro das palavras de Eric, na primeira vez que eu perguntei-lhe sobre Jon. Você pode confiar no Jon com a sua vida. Talvez isso foi o que eu fiz. Confiei a ele toda a minha vida.
"Você não lembra de nada?" Jon soa casual, mas eu pude perceber a esperança disfarçada.
"Não." Eu agitei minha cabeça. "Só as coisas que vieram da minha vida antes de... " Eu parei assim que vi uma moldura com uma foto que eu não reconheci. Eu me aproximei para ver a foto - e senti um pequeno abalo. Era uma fotografia de mim. E Jon. Nós estávamos sentados sobre o troco de uma árvore e os braços dele estavam em torno de mim e eu estava usando jeans velhos e tênis. Meu cabelo estava fluindo pelas minhas costas; minha cabeça estava jogada para trás. Estava rindo como se eu fosse a garota mais feliz que já existiu.
Foi real. Foi realmente real.
A minha cabeça formigava enquanto eu observava nossos rostos, claros por causa dos raios de sol. Todo esse tempo, ele tinha provas.
"Você poderia ter me mostrado esta", eu diria quase acusadoramente. "Essa foto. Você poderia ter trazido ela desde a primeira vez que nos encontramos."
"Será que você teria acreditado mim?" Ele estava sentado sobre o braço do sofá. "Será que você iria querer acreditar em mim?"
Estava travada. Talvez ele tivesse razão. Talvez eu tivesse explicado ela de alguma forma, tivesse racionalizado isso, agarrada ao meu marido perfeito, minha vida de sonho.
Tentando aliviar o clima, eu ando ao longo de uma mesa desordenada cheia de velhos romances que pertenciam a mim e um vaso com sementes.
"Sementes de girassol." Eu peguei um punhado. "Eu amo sementes de girassol."
"Eu sei que você ama". Jon tinha a mais estranha, mais insondável
expressão em seu rosto.
"O quê?" Eu olho para ele surpresa, com sementes na metade do caminho para a minha boca. "O que está errado? Estas estão ok?"
"Elas estão bem. Tinha uma coisa..." Ele interrompe e sorri, pensando consigo mesmo. "Não. Não importa. Esqueça isso."

"O que?" Eu franzi o cenho, perplexa. "Algo do nosso relacionamento?
Você tem que me dizer. Vá em frente."
"Não é nada." Ele dá de ombros. "É meio estúpido. Nós só tínhamos
esta... tradição. A primeira vez em que nós fizemos sexo você tinha estado mastigando sementes de girassol. Você plantou uma em um pote de iogurte e eu levei para casa. Era como a nossa própria piada privada. Depois, nós começamos a fazê-lo toda vez. Tal como um souvenir. Nós os chamávamos de nossos filhos."
"Nós plantávamos girassóis?" Eu enruguei minha sobrancelha com interesse. Isso tocou um minúsculo sino na minha cabeça.
"Uh-huh." Jon assentiu, como se ele quisesse mudar de assunto. "Deixe-me pegar uma bebida pra você."
"Então, onde estão eles?" Eu disse enquanto ele enchia duas taças de
vinho. "Você não quis manter nenhum deles?" Eu estava olhando em volta da sala a procura de algum sinal de mudas em potes iogurte.
"Não importa." Ele me entregou uma taça.
"Você os jogou fora?"

"Não, eu não os joguei fora." Ele se dirige ao CD player e coloca algumas músicas bem baixinho, mas eu não ia desistir.
"Onde eles estão, então?" Um tom desafiador se arrastou pela minha voz. "Devemos ter feito sexo algumas vezes, se tudo você disse for verdade. Portanto, deveria haver alguns girassóis por aqui."
Jon saboreava seu vinho. Em seguida, sem dizer uma palavra ele se vira e gesticula para que eu andasse ao longo de um pequeno corredor. Nós passamos por quarto escassamente decorado.
Lá ele empurra abrindo as portas duplas para uma ampla e adornada varanda. E eu prendi minha respiração.
Tinha uma parede repleta de girassóis em volta. De enormes criaturas amarelas chegando até o céu a jovens flores amarradas em varas, abaixo tinham compridos e finos brotos verdes em minúsculos vasos, começando a abrir. Onde quer que eu olhasse, podia ver girassóis.
Isto foi ele. Isto fomos nós. Desde o imediato início até as últimas mudas remendadas em um pote. Minha garganta estava subitamente apertada enquanto eu olhava ao redor daquele mar de verde e amarelo. Eu não fazia qualquer ideia.
"Então, há quanto tempo... quero dizer..." Eu me aproximo da mais ínfima das mudas, em um minúsculo pote pintado, com apoiado para cima com varetas. "Desde nossa última..."
"Seis semanas atrás. O dia antes do acidente." Jon pausa, com uma ilegível expressão em seu rosto. "Estou tipo tomando cuidado com essa."
"Foi a última vez que eu te vi antes de..." Eu mordi meus lábios.
Houve um pouco de silêncio e, em seguida, Jon assentiu. "Essa foi a última vez em que estivemos juntos."

Me sentei e dei um gole em meu vinho, me sentindo totalmente estupefata.
Há toda uma história aqui. Todo um relacionamento.
Crescendo e intensificando e transformando-se em algo tão
forte que eu iria deixar Eric.
"Como foi... a primeira vez?" Digo eventualmente. "Como
foi que tudo começou?"
"Foi naquela semana que Eric estava fora. Eu passei lá e nós
estávamos conversando. Nós estávamos fora na varanda, bebendo vinho. Mais ou menos como estamos agora." Jon gesticula em volta." E depois no meio da tarde, ficamos em silêncio. E nós soubemos".
Ele levantou seus olhos escuros em direção aos meus e eu me senti desamparada, bem no fundo.
Ele se levanta e começa a caminhar em direção a mim. "Ambos sabíamos que era inevitável", diz ele suavemente.
Estava paralisada. Gentilmente ele removeu a taça de vinho e segurou minhas mãos.
"Lexi..." Ele levou minhas mãos até sua boca, fechando seus olhos, e beijado-as suavemente. "Eu sabia..." Sua voz estava abafada contra a minha pele. "Você ia voltar. Eu sabia que você voltaria para mim."
"Pare!" Eu puxei minhas mãos pra longe, no meu coração batendo angustiado. "Você não... você não sabe nada!"
"O que há de errado?" Jon pareceu traumatizado como se eu tivesse batido ele.
Eu nem sequer sei o que há de errado comigo mesma. Eu o queria tanto; meu corpo inteiro me dizendo para ir em frente. Mas eu não podia.

"O que há de errado é... estou apavorada."
"Com o quê?" Ele olha chocado.
"Com tudo isto!" Eu gesticulo em direção aos girassóis. "É demais pra mim. Você está me apresentando este... este relacionamento completamente maduro. Mas, para mim, é apenas o começo." Tomo um profundo gole de vinho, tentando manter o meu controle. "Estou muito muitos passos para trás. Está desequilibrado demais".
"Nós equilibraremos tudo", diz ele rapidamente. "Faremos funcionar. Eu vou voltar para o início também."
"Você não pode voltar para o início!" Eu empurro minhas mãos sem esperanças pelos meus cabelos. "Jon, você é um cara que é atraente e espirituoso e moderno. E eu realmente gosto de você. Mas eu não amo você. Como eu poderia? Não tenho feito tudo isto. Eu não lembro de tudo isto."
"Eu não espero que você me ame -"
"Sim, você espera. Você quer isso! Você espera que eu seja ela."
"Você é ela." Houve uma súbita tendência à fúria em sua voz. "Não me venha com esse papo furado. Você é a garota que eu amo. Acredite, Lexi".
"Eu não sei!" A minha voz levanta agitada. "Eu não sei se sou, ok? Eu sou ela? Eu sou eu?"
Para o meu horror, lágrimas desciam pelo meu rosto; Não fazia nenhuma idéia de onde elas vieram. Eu me afastei e limpei minha face, soluçando, incapaz de parar a enxurrada.

Eu quero ser ela, eu quero ser a garota sorrindo sobre o tronco da árvore. Mas eu não sou.
Pelo menos eu consegui me conter e dar a volta.
Jon estava parado exatamente no mesmo lugar que estava antes, uma desolação em seu rosto que cortou meu coração.
"Eu olho em torno destes girassóis." Eu engoli seco.
"E as fotos. E todas as minhas coisas aqui. E posso ver que isso aconteceu. Mas parece um romance maravilhoso entre duas pessoas que eu não conheço."
"É você", diz Jon em uma voz calma. "Sou eu. Você conhece a nós dois."
"Sei disso na minha cabeça. Mas não sinto isso. Eu não conheço isso."
Apertei a mão no meu peito, sentindo que as lágrimas fluiriam novamente. "Se eu pudesse lembrar de apenas uma coisa. Se houvesse uma só memória, um fio..." Eu esgotei em silêncio. Jon olhava para os girassóis como se tivesse extasiado com cada pétala.
"Então, o que você está dizendo?"
"Eu estou dizendo... Não sei! Eu não sei. Eu preciso de tempo... Eu preciso de... " Eu parei indefesa.
Pingos de chuva começam a cair sobre a varanda. Uma brisa sopra forte para além dos girassóis, que oscilavam uns contra os outros como se estivessem acenando.
Por fim Jon quebra o silêncio. "Uma carona pra casa?" Ele levanta seus olhos para encontrar os meus - e não havia mais raiva.
"Sim". Eu enxuguei os meus olhos e empurrei o meu cabelo pra trás. "Por favor".
• • • Levou apenas quinze minutos para chegar em casa. Nós não batemos papo. Eu sentei segurando a pasta azul e Jon mudava de marcha, o seu maxilar imóvel. Ele para a Mercedes em minha vaga de estacionamento, e por um momento nenhum de nós se move. A chuva estava gigantesca contra o teto agora e havia uma repentina queda de raios.
"Você terá que correr direto para dentro", disse Jon, e eu assenti.
"Como você vai voltar?"
"Eu vou ficar bem." Ele me entregou as chaves nas minhas mãos, evitando os meus olhos.
"Boa sorte com isso." Ele movimenta a cabeça para a pasta. "Eu falo sério."
"Obrigada". Eu corro uma mão ao longo dos papéis, mordendo meu
lábio. "Embora eu não saiba como eu vou chegar a Simon Johnson para falar sobre isso. Eu fui rebaixada. Eu já perdi toda minha credibilidade. Ele não vai se interessar."
"Você vai conseguir."
"Se eu conseguisse chegar a falar com a ele, estaria tudo bem. Mas eu sei que vou ser ignorada. Eles não têm mais tempo para mim." Eu suspiro e chego para a porta do carro. A chuva estava totalmente caindo com força, mas eu não podia ficar sentada aqui a noite toda.
"Lexi..."
Eu sinto um turbilhão de nervos no tom de Jon.
"Vamos... conversar", eu disse precipitadamente. "Outra hora".
"Ok". Ele segura meu olhar por um momento. "Outra hora. É um trato." Ele sai, levantando as mãos ineficazes contra a chuva. "Eu vou encontrar um táxi. Vai lá, corre." Ele hesita, e depois dá um beijo na minha bochecha e se afasta a passos largos.
Eu me atiro através da chuva para a entrada, quase derrubando a preciosa pasta e, em seguida, parada embaixo do pórtico, recolhendo e juntando os documentos, sentia um novo ímpeto de esperança assim que lembrava os detalhes. Se bem que o que eu disse era verdade. Se eu não pudesse ver Simon Johnson isso tudo não adiantaria nada.
E repentinamente perdi a firmeza quando a realidade da minha situação me atingiu ao chegar em casa. Não sei o que eu estive pensando. O que quer que eu tenha nesta pasta, ele nunca me daria outra chance, daria? Não sou mais a Cobra. Não sou mais Lexi o pequeno gênio. Eu sou a memorialmente contestada, embaraço-para-a-empresa, incompetente total. Simon Johnson não vai mesmo me dar sequer cinco minutos, e muito menos uma audiência inteira.
Eu não estou no humor para o elevador. Para o óbvio espanto
do porteiro, me dirijo para as escadas e subi com dificuldade a resplandecente escada de aço e vidro que nem um único residente
deste bloco nunca usa. Uma vez dentro, coloquei no controle remoto
fogo e tentei ficar de cócoras sobre o sofá creme. Mas as almofadas são tão brilhantes e estranhas, que eu tenho medo que minha cabeça úmida de chuva deixe uma mancha sobre o tecido, assim, no final eu levanto e vou em direção a cozinha para fazer uma xícara de chá.
Após toda a adrenalina do dia estava melancólica e desapontada.
Então, eu aprendi algumas coisas sobre mim. E daí? Eu me deixei levar pela emoção, com Jon, com o acordo, com tudo. Este dia inteiro tinha sido um sonho que nunca se realizaria. Eu nunca vou salvar o departamento de revestimentos. Simon nunca vai me introduzir em seu escritório e me perguntar o que penso, e muito menos promover um acordo. Nunca em um milhão de anos. A não ser que...
A menos que...
Não.
Eu não poderia. Poderia?
Estou congelada em uma incrédula excitação, pensamento
nas implicações, com a voz de Simon Johnson passando em minha cabeça como uma trilha sonora.
Se você recuperasse a sua memória, Lexi, então as coisas iriam
ser diferentes.
Se eu recuperasse minha memória, em seguida as coisas seriam diferentes.
A chaleira estava fervendo, mas eu nem sequer tinha notado.
Como se fosse num sonho, eu puxei o meu celular e disquei diretamente.
"Fi", eu digo logo que é atendido. "Não diga nada. Escute."

Capítulo 19

Pense como uma nojenta. Pense como chefe. Pense como a Cobra,
Eu me inspecionava no espelho e coloquei mais um pouco de batom. E uma sombra clara rosa acinzentada que poderia praticamente ser chamada de "Chefe-chata-do-inferno". Meu cabelos escovados para trás, e eu estava vestindo o mais severo traje que eu pude encontrar no meu armário: a saia lápis estreitíssima; as sandálias mais pontiagudas; uma camisa branca com listas cinza. Não havia qualquer dúvida na mensagem que esse disfarce transmitiria: meu nome é negócios.
Passei duas horas com Jeremy Northpool ontem, em seu escritório em Reading* (*nesse caso Reading é uma cidade e uma unidade administrativa no condado de Berkshire, na Inglaterra.), e cada vez que eu penso nisso, eu sinto uma pequena vibração. Tudo estava no seu devido lugar: Nós dois queríamos que este negócio fosse fechado. Agora dependia de mim.
"Você não está parecendo malvada o suficiente". Fi,me analisava criticamente, em pé ao meu lado usando um terninho estilo Navy* (tendência de moda que lembra as cores uniforme da marinha: azul, vermelho e branco, normalmente com listras).
"Tente um expressão de raiva maior nos olhos."
Eu fico comprimindo meu nariz - mas até agora só parecia que eu estava com vontade de espirrar.
"Nope." Fi sacudia sua cabeça. "Ainda não é desse jeito. Você costumava ter um olhar realmente frio, assustador. Tipo, 'Você é um reles subordinado, saia da minha frente agora." Ela estreitava seus olhos e colocava um tom duro, desprezível em sua voz.
"Eu sou a chefe e exijo que as coisas sejam feitas do meu jeito."
"Isso foi realmente bom!" Me viro admirada. "Você deveria fazer isso. Vamos trocar".
"Yeah, certo." Ela empurra o meu ombro. "Vá em frente, faça de novo. Ameaçadora".
“Saia da frente, seu subordinadozinho," eu reclamei num tom igual ao da Bruxa Malvada do Oeste* (no original Wicked
Witch of the West, personagem de O Mágico de OZ). "Eu sou a chefe e exijo que tudo seja feito do jeito que eu mandar."
"Sim!" Ela aplaude. "Assim está melhor. E tipo dê uma olhada rápida de cima abaixo quando passar pelas pessoas, como se você não pudesse perder tempo tentando se dar conta de quem são ou que estão lá."
Eu suspiro e me jogo sobre a cama. Todo este comportamento odioso é desgastante. "Eu era uma verdadeira vaca, não era?"
"Você não era tão mau assim o tempo todo." Fi suaviza. "Mas
nós não podemos correr quaisquer riscos de pessoas adivinharem. Quanto mais malvada, melhor."
Fi tinha sido minha treinadora durante as últimas vinte e quatro horas.
Ela tirou folga dizendo que estava doente e veio para cá ontem, trazendo o café da manhã com ela. No final, ficamos tão entretidas, que ela ficou durante o dia todo, e à noite. E ela tinha feito mais brilhante trabalho. Eu sabia tudo. Eu sei o que aconteceu na festa de Natal do ano passado. Sei que em uma reunião, no ano passado,
Byron gritou violentamente e me chamou de ‘sua arrogante insignificante’. Eu sei que as vendas do vinil subiram dois por cento desde Março, devido a um pedido de uma escola em Wokingham que, em seguida, reclamou que a cor estava errada, e tentou nos processar.
A minha cabeça estava tão lotada de fatos que estava prestes a explodir. E essa nem sequer era a parte mais importante.
"Quando você entrar em seu escritório, sempre bata a porta com força." Fi ainda estava me instruindo. "Então, saia e exija um café. Nesta ordem."
O mais importante de tudo é que eu aja como a velha cadela-chefe Lexi e engane todo mundo. Eu arrumei o meu batom e peguei a minha pasta.
"Me traga um café," Eu grito comigo mesma. "Imediatamente!"
"Reduza seus olhos ainda mais." Fi me observa e, em seguida, assente. "Você está pronta."
"Fi... obrigada." Me viro e dou-lhe um abraço. "Você é uma estrela".
"Se você tiver sucesso nisso você será uma estrela." Ela hesita e, em seguida, acrescenta, um pouco rispidamente, "Mesmo se você não conseguir. Você não tem que fazer todo esse esforço, Lexi. Eu sei que eles estão oferecendo a você um grande cargo, mesmo fechando o departamento."
"Yeah, bem." Eu desastradamente esfreguei meu nariz. "Este não é o
ponto. Cuida, vamos lá."
Enquanto nos deslocamos para o escritório em um táxi, meu estômago se contraía de nervoso e eu não conseguia bater papo. Estou sendo louca, fazendo isso. Eu sei que estou louca. Mas é a única maneira que eu consigo imaginar.
"Jesus, eu tenho medo de palco," Fi murmura enquanto elaboramos tudo. "E nem sequer sou eu que vou fazer isso. Eu não sei como eu vou fazer para manter uma cara séria na frente de Debs e Carolyn."
Nós não dissemos às outras o que eu estava armando. Nós calculamos que quanto menos gente soubesse, mais seguro seria.
"Bem, Fi, você só tem que fazer um esforço, ok?" Eu improviso em minha nova-voz-Lexi, e quase dado risinhos enquanto seu rosto contraía em estado de choque.
"Deus, isso é assustador. Você é boa."
Nós saímos do táxi, e eu entreguei ao motorista o valor da corrida,
praticando o meu olhar malvado penetrante enquanto recebia meu troco.
Lexi?" Uma voz vinha de trás de mim. Olho ao redor,
toda pronta para lançar o rosto Lexi-assustadora em algumas pessoas inocentes - mas em vez disso senti que ia cair de espanto.
"Amy? Que diabos você está fazendo aqui?"
"Estava esperando por você." Ela alisa uma mecha de cabelo para trás audaciosamente. "Estou aqui para ser sua estagiária".
"Você... o quê?"
Assim que o táxi se afastou, eu arregalei os olhos pra ela. Ela estava balançando em saltos altos, vestindo meias arrastão (aquela que parece uma rede de pesca), um mini-saia listrada com botões curtíssima, com um colete combinando, e seu cabelo com mechas azuis presos num rabo de cavalo. Em sua lapela tinha um emblema que dizia ‘Você não tem que ser louco para trabalhar aqui mas ajuda se você for uma lésbica sexy’.
"Amy..." Eu coloquei minha mão na minha cabeça. "Hoje realmente não é um bom-dia -"
"Você disse!" Sua voz estremeceu. "Você disse que você ia resolver isso. Eu fiz um verdadeiro esforço para chegar aqui. Eu acordei cedo e tudo. A mamãe estava realmente satisfeita. Ela disse que você ficaria também".
"E eu estou! Mas de todos os dias..."
"Isso foi o que você disse da última vez. Você não está realmente interessada." Ela vira as costas, arranca o rabo de cavalo. "Ótimo. Eu não queria essa merda de trabalho estúpido mesmo."
"Ela poderia ser uma distração", diz Fi ao meu lado em uma baixa
voz. "Isso poderia ser realmente uma boa idéia. Será que podemos confiar nela?"
"Confiar em mim?" a voz de Amy fica aguçada com interesse. "Com o quê?" Ela se aproxima, seus olhos brilhando. "Vocês têm um segredo?"
"Ok". Eu decidi num piscar de olhos. "Ouça, Amy." Eu baixei o tom
da minha voz. "Você pode entrar, mas o negócio é o seguinte: eu estou dizendo a todos que recuperei minha memória, e eu sou a antiga eu, pra conseguir fechar um acordo. Apesar de eu não ter recuperado nada. Entendido?"
Amy não piscou uma pálpebra. Podia ver sua mente trabalhando furiosamente, absorvendo tudo isso. Existem algumas vantagens em ter uma especialista em golpes como irmã caçula.
"Então você está tentando parecer a velha Lexi", ela diz.
"Sim".
"Então você deve parecer mais malvada.”
"Isso foi o que eu disse", concorda Fi.
"Como se você achasse que todo mundo fosse apenas um... verme".
"Exatamente".
Ambas parecem ter tanta certeza, que sinto uma pontada de dor. "Alguma vez eu fui agradável?" Eu disse, um pouco queixosamente.
"Er... sim!" Fi diz não convincente. "Um monte de vezes. Vamos lá."
No que eu empurro para abrir as portas de vidro do edifício, eu adoto minha expressão mais ameaçadora. Ladeada por Fi e Amy, eu atravesso o mármore, em direção à recepção. Aqui vamos nós. Hora do show.


"Olá," eu resmungo para Jenny. "Esta é a minha estagiária temporária, Amy. Por favor, faça um crachá para ela. Para sua informação, eu estou totalmente recuperada e se você tiver qualquer correspondência para mim eu quero saber por que já não está lá em cima."
"Excelente!" sussurra Fi ao meu lado.
"Não há nada para você, Lexi". Jenny pareceu ser pega de surpresa enquanto ela preenchia um crachá para Amy. "Então... você se lembra de tudo agora, não é?"
"Tudo. Vamos, Fi. Já estamos atrasadas o bastante. Eu preciso falar com a equipe. Eles têm sido negligentes."
Eu me afasto em direção aos elevadores. Logo depois eu pude ouvir Jenny por trás de mim, dizendo em uma voz baixa excitada, "Adivinha o quê? Lexi recuperou sua memória!" Eu retrocedi - com certeza suficiente, de que ela já estava no telefone com alguém.
O elevador chega. Fi, Amy, e eu entramos - e logo que as portas se
fecharam, desmontamos em gargalhadas.
"Bate aqui!" Fi levanta a mão. "Isso foi ótimo!"
Estamos todas saindo no oitavo andar, e eu me dirigi para a mesa da
Natasha, fora do escritório de Simon Johnson, a minha cabeça levantada e arrogante.
"Olá, Natasha," digo curtamente. "Eu presumo que você recebeu minha mensagem sobre o regresso da minha memória? Obviamente vou precisar ver Simon assim que for possível."
"Sim, eu recebi a sua mensagem." Natasha acenou com a cabeça. "Mas eu receio que Simon esteja com a agenda lotada nesta manhã-"
"Então faça algum arranjo! Cancele alguém! É essencial que eu veja ele."
"Ok!" Natasha digitava apressadamente em seu teclado. "Eu poderia encaixar você... as dez e meia?”
"Fantast-" Eu freei assim que Fi me cutucou. "Assim está bom," eu corrigi, acertando Natasha com meu olhar ameaçador para garantir. "Venha comigo, Fi".
Deus, estes latidos e mordidas causam tensão. Está me deixando pra baixo e eu só estou fazendo isso por apenas dez minutos.
"Dez e trinta", diz Amy assim que voltamos ao elevador. "Isso é
legal. Onde nós vamos agora?"

"Para o departamento de revestimentos." Eu sinto uma punhalada de nervosismo.
"Eu vou ter que manter esta atuação, até as dez a trinta."
"Boa sorte". Fi aperta meu ombro brevemente, e o elevador abre as portas.
À medida que alcançamos o corredor principal do escritório eu me senti levemente enjoada. Eu posso fazer isso, digo a mim mesma, mais e mais. Posso ser uma chefe nojenta. Eu cheguei à porta e fiquei lá por um alguns instantes, analisando a cena em minha frente. Então eu tomei fôlego.
"Então". Eu evoquei uma dura, sarcástica voz. "Ler a Hello Magazine agora virou trabalho, foi?"
Melanie, que estava folheando a revista com o telefone sob o queixo, salta como se tivesse jogado água fervendo nela.
"Eu estava apenas... esperando ser atendida pelo setor de Contas."
Ela fecha apressadamente a revista.
“Conversarei com você tudo sobre esse tipo de atitude mais tarde." Eu Lanço um olhar ao redor da sala. "E isso me lembrou algo. Eu não tinha pedido a todos para prestar contas por escrito sobre os custos de viagem da repartição há dois meses atrás? Eu quero vê-los."
"Pensávamos que você tinha esquecido", diz Carolyn, olhando
abismada.
"Bem, eu tenho me lembrado." Dei-lhe um doce, mordaz
sorriso. "Eu tenho me lembrado de tudo. E vocês todos podem se lembrar que estarão dependendo de mim para referências." Eu saio impetuosamente, quase esbarrando em Byron.
"Lexi!" Ele quase deixa cair sua xícara de café. "Que diabos- "
"Byron. Eu preciso de falar com você sobre Tony Duques", eu digo
decisivamente. "Como você manipulou as discrepâncias em seus cálculos?
Porque todos nós sabemos a reputação dele para rápidas influências. Lembra-se do problema que tivemos em outubro de 2006?"
Byron estava de boca aberta pendurada estupidamente.
"E eu quero falar com você sobre a nossa conferência anual de estratégia. No ano passado foi uma desordem." Eu me dirigi para o meu escritório, então dei a volta. "Falando nisso, onde estão as minutas da nossa última reunião de resultado? Você os estava fazendo, se eu me lembro bem."
"Eu vou... pegá-los para você." Ele olha absolutamente abismado.
Tudo que estou dizendo está atingindo diretamente a casa. Fi é um total gênio!






"Então, você está recuperada?" Byron diz enquanto eu abria a porta do meu escritório. "Você está de volta?"
"Ah sim. Eu estou de volta." Eu introduzi Amy e bati a porta. Eu
contei até três e, em seguida, olhei para fora novamente. "Claire, um café. E um para a minha estagiária, Amy. Fi, você pode vir aqui?"
Assim que Fi fecha a porta atrás dela, eu desmorono no sofá, sem fôlego.
"Você deveria estar no palco!" Fi exclama. "Isso foi tão incrível! Era exatamente desse jeito que você costumava ser!"
Eu ainda estava encolhida por dentro. Não podia acreditar que tinha dito aquelas coisas.
"Até agora só temos de esperar sentadas até as dez e trinta." Fi
olhava em seu relógio enquanto se sentava sobre a minha mesa. "Já passa das dez agora."
"Você foi uma verdadeira nojenta lá fora", diz Amy admirada.
Ela estava retirando o rímel e aplicava uma nova camada.
"Isso é o que eu vou ser quando eu entrar no ramo dos negócios."
"Então você não vai fazer nenhum amigo."
"Eu não quero fazer amigos." Ela sacudia sua cabeça. "Eu quero ganhar dinheiro. Você sabe o que Papai sempre dizia? Ele dizia-"
De repente eu realmente não queria ouvir o que o papai sempre dizia.
"Amy, nós falaremos mais tarde." Eu retirei-lhe a palavra. "Sobre Papai".
Houve uma batida na porta e todas nós congelamos.
"Rápido!" Fi diz. "Fique sentada atrás de sua mesa. Pareça irritada e
impaciente". Eu corri para a minha cadeira de diretora, e ela puxou rapidamente uma cadeira oposta.
"Entre," Eu digo, tentando exibir o tom mais impaciente que pude. A porta abre e Claire aparece, segurando uma bandeja de café. Irritada mente eu volto minha atenção para a mesa. "Portanto, Fi ... Eu já tive o suficiente dessa sua atitude!" Eu improvisei enquanto Claire servia as xícaras de café. "É inaceitável. O que você tem a dizer em sua defesa?"
"Desculpe, Lexi," Fi murmurou, abaixando sua cabeça. De repente percebi que ela estava segurando um ataque de riso.
"Sim, bem." Eu tentava desesperadamente manter uma expressão séria. "Eu sou a chefe aqui. E eu não vou tolerar você..." Oh Deus, meu cérebro deu branco. O que foi que ela faz? "Eu não vou tolerar você... sentada em cima da mesa!" Uma espécie de bufada gaguejante vem de Fi.
"Desculpe", ela respirou profundamente, e pressiona um lenço em seus olhos. Claire fica absolutamente petrificada. "Um... Lexi", diz ela, seguindo na direção da porta. "Eu não quero interromper, mas Lucinda está aqui? Com o seu bebê?"
Lucinda.
Isso não significa nada para mim.

Fi se senta, seu riso desapareceu. "Lucinda que trabalhou para nós, no ano passado, você quer dizer?" diz ela rapidamente, olhando de relance para mim. "Eu não sabia que ela estava vindo hoje."
"Nós daremos um presente para o bebê e imaginamos se Lexi poderia entregar a ela?" Claire aponta para fora da porta, e eu vejo um pequeno aglomerado em torno de uma mulher loira que transportando uma criança num bebê conforto. Ela olha para cima e acena.
"Lexi! Venha e veja o bebê!"
Merda. Não existe nenhum jeito de eu escapar dessa. Não posso me recusar a olhar um bebê – Isto iria parecer muito estranho.
"Bem... tudo bem", eu digo afinal. "Apenas por um momento."
"Lucinda esteve conosco cerca de oito meses," Fi murmurou
freneticamente assim que saímos do escritório. " Cuidava das contas européias, principalmente. Sentava próxima a janela, gosta de chá de hortelã..."
"Aqui está." Claire me entregou um enorme presente embalado num pacote adornado com um laço de cetim. "É um baby gym*."(um cercadinho cheio de móbiles, argolas e vários tipos de instrumentos coloridos que facilitam e incentivam a movimentação do bebê)
Assim que me aproximei, os outros se afastaram. Para ser honesta, eu não os culpava.
"Olá, Lexi". Lucinda olha para cima, radiante com todas as atenções.
"Olá pra você." Eu acenei com a cabeça curtamente ao bebê, que estava vestido em um macacãozinho branco. "Parabéns, Lucinda. E é... Uma menina? Um menino?"
"Ele se chama Marcus!" Lucinda pareceu ofendida. "Você já conheceu ele antes!"
De alguma forma eu me forcei a dar de ombros com desprezo. "Eu receio que não sou muito chegada em bebês."
"Ela os come!" Eu ouvi alguém sussurrar.
"Seja como for, em nome do departamento, eu gostaria de dar isso a você." Entregando-lhe o pacote.
"Discurso!" diz Claire.
"Isso não é necessário", eu digo com um olhar proibidor.
"Todo mundo volte ao -"
"É sim!" Debs argumenta desafiando. "Isto é como se Lucinda estivesse deixando de fazer também. Ela não pode sair sem um discurso."
"Discurso!" convida alguém nas costas. "Discurso!" outros dois começaram a bater nas mesas.
Oh Deus. Eu não posso recusar. Chefes dão discursos sobre os seus funcionários. Isto é o que eles fazem.
"Claro," Eu digo por fim, e limpo a minha garganta. "Estamos todos muito satisfeitos por Lucinda sobre o nascimento de Marcus. Mas
tristes de dizer adeus a um membro tão importante da nossa equipe."
Notei Byron aderindo ao aglomerado de pessoas, me supervisionando de perto com cara de absorto em pensamentos.
"Lucinda foi sempre..." Tomo um gole de café, jogando com o tempo. "Ela estava sempre... pela janela. Tomando seu chá de hortelã. Gerenciando sua contas européias".
Eu olhar para cima e vi Fi na parte de trás, freneticamente fazendo mímica de algum tipo de atividade.
"Todos nos lembramos de Lucinda pelo seu... amor ao ciclismo," disse incerta.
"Ciclismo?" Lucinda olha perplexa. "Quer dizer equitação?"
"Sim. Exatamente. Equitação," Eu emendei rapidamente. "E todos nós apreciamos seus esforços com os... clientes franceses".
"Eu não lidava com a França." Lucinda olhava para mim, com ultraje. "Alguma vez você sequer notou o que eu fazia?"
"Conte a história sobre a Lucinda e a mesa de sinuca!" insistiu alguém lá atrás, e há um coro de riso.
"Não", eu repreendi, agitada. "Então... isto é à Lucinda." Eu elevei a minha xícara de café.
"Não se lembra da história, Lexi?" o tom de voz brando de Byron vinha do lado. Eu olhei para ele - e senti um súbito vazio interior. Ele tinha adivinhado.
"Claro que eu me lembro." eu evoquei o meu tom mais cortante. "Mas não é o momento para histórias bobas, irrelevantes. Deveríamos todos estar trabalhando. Voltando para suas mesas, todo mundo."
"Deus, ela é uma filha da mãe difícil", ouço Lucinda resmungando."Ela está ainda pior do que antes!"
"Espere!" a voz de Byron sobe suavemente no meio dos resmungos decepcionados. "Nós esquecemos dos outros presentes para Lucinda! O mãe e bebê spa voucher." Ele traz um cupom de papel até mim com um ar ultra respeitoso. "Só precisa preencher o nome de Lucinda, Lexi. Você devia fazer isso, sendo a chefe do departamento."
"Certo". Tomo a caneta.
"Você precisa colocar o sobrenome também", acrescenta casualmente assim que eu tiro a tampa. Eu olho para cima e seus olhos estão
brilhando.
Porra. Ele me pegou.
"Claro," eu digo bruscamente. "Lucinda... me lembre qual nome que você usa agora."
"O mesmo que antes", diz ela ressentidamente, embalando o bebê. "Meu nome de solteira."
"Certo". O mais lentamente possível, eu escrevi Lucinda sobre a linha pontilhada.
"E o apelido?" Byron diz, como um torturador girando o parafuso. Olho desesperadamente para Fi, que tentava expressar algo com sua boca para mim. Dobson? Dodgson?
Segurando minha respiração, eu cuidadosamente escrevi D. Então eu dei uma pausa e estiquei o meu braço, como se o estivesse flexionando. "Eu já tinha problemas com o meu punho," Eu digo a ninguém em particular.
"Os músculos, as vezes ficam um pouco mais... rígidos”.
"Lexi, encare isso", declara Byron, agitando sua cabeça. "A sua performance chegou ao fim".
"Nada chegou ao fim" Digo com sarcasmo. "Eu vou só levar isto de volta para o meu escritório-"
"Dá um tempo!" Ele soa incrédulo. "Quer dizer, pelo amor de Deus! Acha mesmo que você está enganan-"
"Ei!" a voz de Amy em alta-frequência invadiu a sala, chamando a atenção de todos. "Olhe! Lá está o Jude Law! Sem camisa!"
"Jude Law?"
"Onde ele está?"
A voz de Byron foi afundada enquanto todos dispersavam para a janela. Debs estava empurrando Carolyn para fora do caminho, e até Lucinda se suspendia para ver.
Eu amo minha irmã pequena.
"Certo", eu digo num tom profissional. " Bem, eu preciso continuar trabalhando. Claire, você poderia terminar isto, por favor?" Eu entreguei o voucher a ela.
"Era o Jude Law!" Ouço Amy insistindo. "Eu acabei de vê-lo beijando a Sienna! Deveríamos chamar a OK! Magazine!"
"Ela não recuperou a memória porcaria nenhuma!" Byron estava dizendo furiosamente, tentando fazer sua voz ouvida. "Isto tudo é uma droga de atuação!"
"Eu preciso ir ao meu encontro com Simon. Volte a trabalho." Eu me virei na minha melhor forma assustadora-Lexi e caminhei rapidamente para fora do escritório antes que ele pudesse responder.
• •
A porta do escritório de Simon Johnson estava fechada quando eu cheguei lá cima, e Natasha fez um gesto para que eu me sentasse. Eu afundei no sofá, ainda um pouco abalada com o quase confronto com Byron.
"Vocês duas estão querendo ver Simon Johnson?" ela diz em surpresa, olhando Fi.
"Não. Fi só está aqui..."
Não posso dizer, "Como apoio moral."
"Lexi necessitava consultar-me sobre um documento de vendas", diz Fi sem problemas, e levanta a sobrancelha para Natasha. "Ela realmente está de volta a sua antiga forma".
• •
"Compreendido". Natasha levanta sua própria sobrancelha em retorno.
Um pouco mais tarde o telefone toca e Natasha ouve por um momento. "Tudo bem, Simon", diz ela em comprimento. "Eu vou dizer a ela." Ela coloca de volta o telefone no gancho e olha para mim. "Lexi, Simon está com Sir David e em alguns outros diretores."
"Sir David Allbright?" repeti apreensivamente.
Sir David Allbright é o presidente do conselho de administração. Ele é a personalidade maior e mais importante da empresa, ainda maior e mais importante do que Simon. E ele é realmente feroz, como todos dizem.
"É isso mesmo." Natasha assente. "Simon disse que você deveria apenas entrar, se juntar à reunião e ver todos eles. Em cerca de cinco minutos, ok?"
O pânico estava dando pequenos disparos através do meu peito. Eu não estava contando com Sir David e os diretores.
"Claro! Tudo bem... Um... Fi, eu preciso retocar o pó em meu nariz. Vamos apenas continuar a nossa discussão no toalete."
"Está bem". Fi olha surpresa. "Como você quiser."
Eu segui em direção ao toalete feminino vazio e me sentei no vaso sanitário, com a respiração acelerada. “Eu não posso fazer isso.”
"O que?"
"Eu não posso fazê-lo." Eu abraço a minha pasta desamparadamente. "Este é um plano estúpido. Como vou impressionar Sir David Allbright?
Eu nunca fiz uma apresentação para uma pessoa tão importante quanto aquele. Não sou boa em dar palestras-"
"Sim, você é!" Fi retruca. "Lexi, você dava discursos para toda a empresa. Você era excelente."
"Sério?" encarei ela inexpressivamente.
"Eu não iria mentir", diz ela firmemente. "Na última conferência de vendas você foi brilhante. Você pode fazer isso com os pés na cabeça. Você apenas tem que acreditar."
Fiquei silenciosa por alguns segundos, tentando imaginar isso, querendo acreditar. Mas isso não aderiu ao meu cérebro. Não está registrado em qualquer lugar. Ela poderia me dizer que sou fabulosa no trapézio de circo, ou que consigo um ótimo salto triplo na patinação no gelo.
"Eu não sei." Eu esfreguei meu rosto sem esperanças, a minha energia se dissipando.
"Talvez eu apenas não esteja preparada para ser chefe. Talvez eu
devesse apenas desistir."
"Não! Você foi totalmente feita para ser chefe!"
"Como você pode dizer isso?" A minha voz tremia. "Quando eu
fui promovida a diretora, eu não consegui lidar bem com isso! Eu alienei todos vocês, eu não gerenciei o departamento bem... Eu fodi tudo. E eles perceberam isso." Eu levanto em direção a porta.
"Foi por isso que eles me rebaixaram. Eu nem sei porque eu estou sequer me incomodando." Eu afundei minha cabeça em minhas mãos.
"Lexi, você não fodeu tudo". Fi fala apressadamente, quase
brusca e com embaraço. "Você foi uma boa chefe."
"Yeah". Olho pra cima brevemente e rolo meus olhos. "Certo".

"Você foi",suas bochechas ficaram avermelhadas. "Nós... não fomos justas. Olha, estávamos todos p. a vida com você, por isso nós lhe causamos muitos problemas." Ela hesitou, torcendo uma toalha de papel até virar uma trança. "Sim, você estava impaciente demais em algumas horas. Mas você fez algumas coisas realmente grandes. Você é boa em motivar pessoas. Todo mundo se sentia vivo e ativo. As pessoas queriam impressionar você. Eles te admiravam."
Enquanto absorvia suas palavras, podia sentir uma tensão dissimulada lentamente sendo removida de mim, como um cobertor caindo sobre o chão. Exceto pelo fato que eu não posso confiar muito naquilo que eu estava ouvindo.
"Mas você me fez soar como se eu fosse tão nojenta. Todas vocês."
Fi assentiu. "Você foi uma cadela parte do tempo. Mas, algumas vezes você precisava ser." Ela hesita, entrelaçando a toalha através de seus dedos. "Carolyn estava fazendo piada com as despesas dela. Ela mereceu um pouco tomar uma reprimenda. Eu não disse isso," ela acrescenta rapidamente, com um sorriso, e eu não posso deixar de sorrir de volta.
A porta do toalete abre e uma arrumadeira começa a entrar com uma vassoura.
"Pode nos dar dois minutos?" Digo de uma vez no meu melhor tom decisivo, tipo-não-argumente-comigo. "Obrigada". A porta fecha novamente.
"A coisa é, Lexi..." Fi abandona a sua toalha de papel deformada. "Ficamos com inveja." Ela me olha com franqueza.
"Inveja?"
"Um minuto você estava com os dentes tortos. Logo depois, você
conseguiu este cabelo incrível e dentes e seu próprio escritório, e
você estava no comando e nos dizendo o que fazer."
"Eu sei". Eu suspiro. "É... loucura".
"Não é loucura". Para minha surpresa Fi se aproxima de onde eu estava sentada. Ela se abaixa e segura meus ombros nas suas mãos. "Eles tomaram uma boa decisão, promovendo você. Você pode ser chefe, Lexi. Você pode fazer isso. Um milhão de vezes melhor do que o fodido do Byron." Ela rolou seus olhos com zombaria.
Fiquei tão tocada por toda essa sua confiança em mim, eu não dava pra falar muito disso no momento.
"Eu queria ser apenas uma de vocês...", eu digo por fim. "Como todo mundo."
"Você vai ser. Você é. Mas alguém tem que estar lá fora."
Fi se abaixa novamente em seu calcanhar. "Lexi, lembra quando estávamos na escola primária? Lembra da corrida do saco no dia dos esportes?"
"Nem me lembre disso." Eu rolei meus olhos. "Eu fodi essa também. Ainda sinto o chão no meu rosto."
"Não é esse o ponto." Fi balança a cabeça vigorosamente. "O ponto é que, você estava ganhando. Você disparou na frente. E se você tivesse continuado, se você não tivesse parado para esperar pelo resto de nós... você teria vencido." Ela fixou o olhar quase ferozmente em mim, com os mesmos olhos verdes que eu conhecia desde que meus seis anos de idade. "Apenas continue. Não pense em nada, não olhe para trás."
A porta abre novamente, e nós duas começamos.
"Lexi?" Era Natasha, sua sobrancelha clara enrugando assim que ela me vê com Fi. "Estava imaginando onde você tinha ido! Está pronta?" Eu dou uma olhada final em Fi, e depois fico de pé e mantenho o meu queixo bem elevado. "Sim. Pronta".
• • •
Eu consigo fazer isso. Eu consigo. Enquanto caminhava para a sala de Simon Johnson, minhas costas duras como um pedaço de pau e meu sorriso rígido.
"Lexi". Simon vibra. "Que bom ver você. Aproxime-se e sente-se."
Todos os outros pareciam totalmente à vontade. Quatro diretores estavam reunidos em torno de uma pequena mesa, em confortáveis cadeiras de couro. Xícaras de café iam e vinham. Um homem magro, grisalho a quem eu reconheço como David Allbright está falando com o homem a sua esquerda sobre uma villa em Provença*. (*região no sudeste da França)
"Então, a sua memória está recuperada!" Simon me entrega uma xícara de café. "Isso é uma notícia tremenda, Lexi".
"Sim. É otima!"
"Estamos apenas repassando as implicações de junho'07". Ele sinaliza para os papéis espalhados por cima da mesa. "Isto vem em muito boa hora, pois sei que você tinha algumas opiniões fortes sobre a fusão dos departamentos. Você conhece todos aqui?" Ele puxa uma cadeira, mas não me sentei.
"Na verdade..." Minhas mãos estavam úmidas e eu as enrolei em volta da pasta. "Na verdade, eu queria falar com você. Todos vocês. Sobre... outra coisa."
David Allbright olha para cima com o cenho franzido. "Sobre o quê?" "Revestimentos".
Simon se contrai. Alguém resmunga, "Pelo amor de Deus."
"Lexi". A voz de Simon estava apertada. "Nós já discutimos isto antes.
Fomos em frente. Já não estamos mais preocupados com o ‘Revestimentos’."
"Mas eu fechei um grande negócio! É sobre isso que eu quero falar!"
Tomo um grande fôlego. "Eu sempre acreditei que o histórico da marca que a Deller possui é um dos seus maiores trunfos. Por vários meses eu venho tentando encontrar uma maneira de tirar proveito deste patrimônio. Agora eu tenho um negócio em vigor com uma empresa que gostaria de usar um dos nossos antigos modelos. Isso iria aumentar o perfil da Deller. Isso vai dar uma reviravolta no departamento!" Eu não pude evitar soar animada.
"Sei que posso motivar minha equipe. Isto pode ser o começo de algo grande e emocionante! Tudo que nós precisamos é de outra oportunidade. Só mais uma chance!"
Eu parei sem fôlego analisando os rostos.
Eu pude vê-los de uma vez. Eu não tinha causado precisamente nenhum impacto.
Sir David tinha o mesmo impaciente e severo olhar em seu rosto.
Simon parecia um assassino. Um cara estava checando o seu BlackBerry.
"Eu pensei que a decisão sobre o Revestimentos tinha sido tomada," Sir David Allbright diz irritado a Simon. "Por que estamos levantando esse assunto novamente?"
"Foi decidido, Sir David", diz ele precipitado.
"Lexi, não sei o que você está fazendo-"
"Estou fazendo negócios!" Eu revidei com um aperto de frustração.
"Moçinha", diz Sir David. "Negócios são progressivos. Deller está em um novo milênio, é uma empresa de alta tecnologia. Temos de evoluir com o tempo, e não se agarrar ao antigo".
"Eu não estou me agarrando!" Eu tento não gritar. "As antigas estampas Deller são fabulosas. Seria um crime não usá-las."
"Será isto tem a ver com o seu marido?" Simon diz como se de repente ele compreendesse. "O marido de Lexi tem uma empresa que desenvolve propriedades," ele explica aos outros, então vira as costas para mim.
"Lexi, com o devido respeito, você não vai salvar o seu departamento
colocando carpetes em uns dois lançamentos de apartamentos."
Um dos homens gargalhou e eu senti uma facada de fúria.
Acarpetando uns dois lançamentos de apartamentos? Será que todos pensam que é só isso que sou capaz de fazer? Uma vez que ouvirem o que esta operação é, eles vão...
eles vão...

Eu estava puxando a mim mesma para cima, pronta a dizer-lhes; pronta para golpeá-los de uma vez. Eu podia sentir o fervilhar de triunfo, misturado com um pouco de veneno. Talvez Jon estivesse certo, talvez eu seja um pouco Cobra.
"Se vocês realmente quiserem saber..." Eu comecei, os olhos em chamas. E então de repente eu mudei de idéia. Eu travei, mediando o veredito, pensando furiosamente. Eu podia sentir a mim mesma recuando, voltando atrás no meu bote.
Aguardando a minha hora.
"Então... vocês realmente já tomaram sua decisão?" Eu disse de uma forma diferente, com uma voz mais resignada.
"Tomamos nossa decisão há muito tempo", afirma Simon. "Como você bem sabe."
"Certo". Eu, afundei como se sentisse uma forte decepção e mastigava uma das minhas unhas. Então eu recuperei o entusiasmo como se uma idéia acabasse de me ocorrer. "Bem, se vocês não estiverem interessados, talvez eu pudesse comprar os direitos autorais dos desenhos? Então, eu poderia licenciá-los como um empreendimento privado."
"Jesus Cristo", resmunga Sir David.
"Lexi, por favor, não desperdice o seu tempo e dinheiro", disse
Simon. "Você tem uma posição aqui. Você tem perspectivas.
Não há nenhuma necessidade para este tipo de gesto."
"Eu quero isso", eu disse teimosamente. "Eu realmente acredito na Deller Carpets. Mas eu preciso disso resolvido dentro em breve, para o meu negócio."
Posso ver a troca de olhares entre os dirigentes.
"Ela bateu sua cabeça em um acidente de carro", Simon murmura
para o cara que eu não reconheço. "Ela não tem estado muito coerente desde então. Você tem de desculpá-la, realmente."
"Vamos só fazer os arranjos então." Sir David Allbright acena a mão impacientemente.
"Eu concordo". Simon se dirige a sua mesa, pega o telefone, e aperta em um número. "Ken? Aqui é Simon Johnson. Um dos nossos funcionários vai procurar você pra falar sobre os direitos autorais de designs de alguns antigos tapetes da Deller. Nós estamos fechando o departamento, como você sabe, mas ela teve algumas idéias com o licenciamento deles." Ele ouve por um momento. "Sim, eu sei. Não, ela não é uma empresa, apenas uma operadora única. Você poderia elaborar uma taxa nominal e toda a papelada necessária? Obrigado, Ken".
Ele desliga o telefone, então rabisca um nome e números em um pedaço de papel.
"Ken Allison. Nosso advogado da empresa. Ligue para ele e marque uma hora."
"Obrigado". assenti e guardei o papel no bolso.
"E Lexi". Simon pausa. "Sei que conversamos sobre uma licença de três meses. Mas eu penso que por mútuo acordo o seu trabalho aqui deve ser encerrado."
"Muito bem". Acenei com a cabeça. "Eu... Entendo. Adeus. E obrigada".
Dou a volta e me dirijo para fora da sala. Enquanto abria a porta eu pude ouvir Simon dizer, "É um terrível vexame. Essa menina tinha tanto potencial..."
De alguma forma eu saí da sala sem tropeçar.
• • •
Fi estava à minha espera de mim assim que coloquei os pés fora do elevador, no terceiro andar, e levanta a sobrancelhas. "Bem?"
"Não funcionou", eu murmurei enquanto nos dirigimos para o escritório principal do departamento. "Mas não está tudo acabado."
"Aí está ela." Byron coloca a cabeça para fora do seu escritório assim que passamos. "A milagrosa garota recuperada".
"Cala a boca," eu digo sobre o meu ombro.
"Quer dizer que nós realmente devemos acreditar que você tenha recuperado a sua memória?" ele me segue com seu discurso sarcástico.
"Você vai ficar respondendo bruscamente a todos?
Eu me volto a ele e observo com um olhar em branco, perplexo.
"Quem é ele?" Eu digo afinal para Fi, que pigarreia em risos.
"Muito engraçado", rebate Byron, cujas bochechas estavam coradas.
"Mas se você pensa-"
"Oh, deixe disso, Byron!" Digo desgastadamente. "Você pode ficar com o meu emprego fodido." Eu cheguei à porta do escritório principal, e bati minhas mãos para obter a atenção de todos.
"Oi", eu disse, enquanto todo mundo olhava para cima. "Eu só queria que vocês soubessem, que eu não estou curada. Eu não recuperei a minha memória, que foi uma mentira. Eu tentei jogar um enorme blefe, para tentar salvar este departamento. Mas... Eu falhei. Eu realmente sinto muito."
Enquanto todos assistiam, inquietos, eu dei alguns passos dentro do escritório, olhando em volta das mesas, a parede gráficos, os computadores. Eles todos serão dispensados e eliminados. Vendidos, ou ficarão rejeitados em algum depósito. Todo este pequeno mundo terá terminado.
"Eu fiz tudo que podia, mas..." Eu exalar drasticamente. "Enfim. A outra notícia é, eu fui despedida. Assim Byron, está acima de vocês." Eu registrar o choque no rosto de Byron e não pode evitar um meio-sorriso. "E para todos vocês que me odiavam ou achavam que eu era uma cadela total dura-como-prego..." Eu giro em volta, vendo todas as faces silenciosas. "Lamento muito. Eu sei que não fiz tudo da maneira mais certa. Mas eu fiz o meu melhor. Animem-se, e boa sorte a todos." Eu levantei a mão.
"Obrigado, Lexi", diz Melanie acanhadamente. "Obrigado por ter tentado, assim mesmo."
"Yeah... obrigada," adere Claire, cujos olhos estavam do tamanho de pires depois do meu discurso.
Para meu espanto alguém começa a aplaudir. E, de repente toda a sala estava aplaudindo.
"Parem." Meus olhos começavam a pinicar e eu piscava duro. "Seus idiotas. Eu não fiz nada. Eu falhei."
Eu olhei para Fi e ela aplaudia mais forte do que todos.
"Pois é". Tento manter minha compostura. "Como eu disse, eu fui despedida, por isso estarei indo para o pub de imediato para poder ficar bêbada." Houve um riso ao redor da sala. "Sei que são apenas
onze horas... mas alguém se importa em se juntar a mim?"
• • •
Lá pelas três horas, a minha conta do bar ultrapassava trezentas Libras. A maior parte dos funcionários do departamento de revestimentos foram sugados de volta para o escritório, incluindo um zangado Byron, que ficava entrando e saindo do bar, exigindo que todos retornassem, pelas últimas quatro horas.
Foi uma das melhores festas em que eu já estive. Quando eu apresentei meu Amex platinum (cartão de crédito sem limite), as pessoas do bar acertaram as contas, colocaram música para e nos abasteceram de petiscos quentes, e Fi deu um discurso. Amy fez uma versão de karaokê de "Quem quer ser um Milionário", então fomos expulsos pelo pessoal do bar, que subitamente percebeu que ela era menor de idade. (Eu disse a ela para voltar para o escritório e eu a encontraria lá, mas acho que ela saiu para a TopShop*).(*é uma loja de departamentos) E depois duas meninas eu quase não conhecia fizeram uma fantástica encenação de Simon Johnson e Sir David Allbright num encontro às cegas. Que aparentemente elas fizeram no Natal, só que é claro que eu não lembro.
Todos tinham se divertido muito, na verdade, a única que não ficou totalmente bêbada fui eu. Eu não poderia, pois tinha uma reunião com Ken Allison às quatro e trinta.

“Então". Fi elevou sua bebida. "Um brinde a nós". Ela tilintou os copos comigo, debs, e Carolyn. Éramos apenas nós quatro sentadas em torno de uma mesa agora. Tal como os velhos tempos.
"Por estar desempregada", diz Debs impertinente, tirando um pouco de confete de parte dos seus cabelos. "Não que nós culpemos você, Lexi", ela acrescenta precipitadamente.
Tomo um gole de vinho e, em seguida, me inclino para frente. "Ok, garotas. Eu tenho algo a lhes dizer. Mas vocês não podem falar sobre isso a ninguém."
"O que?" Carolyn estava com olhos brilhantes. "Está grávida?"
"Não, sua boba!" Eu abaixo a minha voz. "Eu fiz um acordo. Isso era o que eu estava tentando dizer para Simon Johnson. Esta empresa pretende usar um dos nossos antigos desenhos retro de tapetes. Tipo uma especial e de alto perfil, edição limitada. Eles vão utilizar o nome Deller, teremos uma enorme publicidade... E isto vai ser incrível! Os detalhes estão todos resolvidos, eu só preciso finalizar o contrato."
"Isso é ótimo, Lexi", diz Debs, parecendo incerta. "Mas como você pode fazer isso agora que foi despedida?"
"Os diretores estão me deixando licenciar os antigos desenhos como
um operador independente. Por uma pechincha! Eles são tão míopes."
Eu peguei uma Samosa*(tipo de massa indiana recheada com batatas ou legumes ou carne) - em seguida coloquei novamente no prato, animada demais para comer. "Quer dizer, isso poderia ser apenas o começo! Tem tanto material arquivado. Se isso crescer, nós poderíamos expandir, empregar mais alguns da equipe antiga... transformar-nos em uma sociedade... "
"Eu não posso acreditar que eles não estavam interessados." Fi sacudiu a cabeça sem incredulamente.
"Eles descartaram totalmente tapetes e assoalhos. Tudo com que eles se preocupam é com a droga de sistemas de entretenimento doméstico. Mas isso é bom! Isso significa que eles vão me deixar licenciar todos os desenhos por praticamente nada. Então todos os lucros virão para mim. E... para quem trabalhar comigo."
Eu olho de cara a cara, esperando que a mensagem tenha acertado o alvo.
"VSF* diz Debs, seu rosto subitamente brilhante. "Você quer que nós trabalhemos com você?" (*gíria abreviada da expressão/palavão Very Severely Fucked )
"Se vocês estiverem interessadas", eu disse um pouco sem jeito. "Quer dizer, pensem nisso antes, é só uma idéia."
"Estou dentro", diz Fi com firmeza. Ela abre um pacote de batatas fritas e joga um punhado em sua boca. "Mas, Lexi, eu ainda não compreendi o que aconteceu lá em cima. Eles não ficaram animados
quando você lhes disse com quem você estava negociando? Eles são
malucos?"
"Eles nem sequer perguntaram com quem foi". Dei de ombros. "Eles
acharam que era um dos projetos do Eric. ‘Você não está querendo salvar seu departamento acarpetando uns dois lançamentos de apartamentos!’" eu imitei a voz arrogante de Simon Johnson.
"Então, que é?" Debs pergunta. "Qual é a empresa?"
Eu olhei para Fi - e não pude evitar um pequeno sorriso assim que disse, "Porsche".

Capítulo 20

Então é isso. Eu sou a licenciada oficial dos desenhos da Deller Carpets. Eu tive uma reunião com o advogado
ontem, e uma outra, esta manhã. Tudo está assinado e o projeto já está em análise no banco.
Amanhã me reunirei com Jeremy Northpool novamente, e nós assinaremos o contrato para selar o acordo com a Porsche.
Assim que cheguei em casa ainda estava ligada por causa da adrenalina.
Eu preciso ligar para todas as meninas, e deixá-las informadas sobre a evolução de tudo.
Então eu preciso pensar onde nós iremos montar nossa base. Precisaremos de um escritório, em algum lugar barato e conveniente. Talvez Balham.
Poderíamos ter luzes decorativas no escritório, eu pensei nisso com um súbito divertimento. Por que não? É o nosso escritório. E um espelho apropriado para maquiagem no toalete. E música tocando enquanto nós trabalhamos.

Ouvi vozes vindo do escritório de Eric assim que eu entrei no apartamento. Eric devia ter chegado em casa de Manchester, enquanto eu estava com o advogado. Eu dei uma espiada através da porta aberta e vi uma sala lotada com seus agentes de mais alto nível agrupados em torno da mesa de café, com um bule de café vazio no centro. Clive estava lá, e a chefe de Recursos Humanos, Penny, e um cara chamado Steven cujo papel eu nunca fui capaz de descobrir.
"Olá!" Eu sorri para Eric. "Boa viagem?"
"Excelente". Ele assente e, em seguida, fecha a cara perplexo. "Você não deveria estar no trabalho?"
“Eu vou... explicar isso mais tarde." Eu olho nos rostos ao redor, me sentindo generosa depois da minha bem sucedida manhã. "Posso trazer a todos mais um café?"
"Gianna irá fazê-lo, querida", diz Eric censurando.
"Tudo bem! Não estou ocupada."
Eu me dirigi à cozinha, zumbido enquanto eu fazia um café fresco,
enviando mensagens rápidas para Fi, Carolyn, e Debs para que elas
soubessem que tudo correu bem. Iríamos nos reunir nesta noite, e falar sobre tudo. Eu já tinha recebido um e-mail de Carolyn esta manhã, dizendo como ela estava animada, e listando uma grande quantidade de novas idéias e possíveis contatos para mais acordos exclusivos. E Debs se preparava para assumir as Relações Públicas.
Vamos formar uma boa equipe, sei que vamos.
Eu voltei ao escritório de Eric com um bule cheio e discretamente comecei a servi-lo enquanto ouvia discussão. Penny estava segurando uma lista de nomes de funcionários, com estatísticas rascunhadas a lápis, ao lado.

"Eu receio que não penso que Sally Hedge mereça um aumento ou um bônus", ela estava dizendo enquanto eu despejava café em sua xícara. "Ela está muito na média em produtividade. Obrigada, Lexi".
"Eu gosto de Sally", eu disse. "Você sabia que sua mãe ficou recentemente doente?"
"Sério?" Penny faz uma cara como se dissesse "E daí?"
"Lexi fez amizade com todas as secretárias e membros iniciantes quando ela foi ao escritório." Eric dá uma pequena risada. "Ela é muito boa nesse tipo de coisa."
"Não é um 'tipo de coisa"!" Eu repliquei, um pouco irritada por seu tom. "Eu só comecei a falar com ela. Ela é realmente interessante. Você sabia, ela quase entrou para o time de ginástica britânico nos
Jogos da Commonwealth*?(*comunidade das nações que fazem parte do reino unido) Ela consegue fazer um salto mortal frontal sobre a trave".
Todo mundo olha para mim inexpressivamente por um segundo.
"Seja como for". Penny vira de volta para o seu papel. "Estamos
acordados, nenhum bônus ou aumento por esses tempos, mas talvez uma revisão após o Natal. Continuando, Damian Greenslade... "
Sei que esta não é a minha empresa. Mas eu não podia suportar isso. Posso apenas imaginar Sally à espera de notícias sobre o bônus. Posso imaginar seu golpe de decepção.
"Perdoe-me!" Eu despejei o bule de café em uma prateleira e Penny pára de falar em surpresa. "Sinto muito, eu posso apenas dizer uma coisa? A coisa é... uma gratificação pode não ser muito para a companhia. É um amendoim no final das contas. Mas é muita coisa para Sally Hedge. Algum de vocês se lembra como era essa história de ser jovem e pobre e lutando?" Eu olho em torno dos gerentes de Eric, todos elegantemente vestidos, roupas de adultos com seus estilos, acessórios de adultos. "Porque eu lembro."
"Lexi, sabemos que você é uma alma sensível". Steven rola seus olhos. "Mas o que você está dizendo - que todos nós deveríamos ser pobres?"
"Não estou dizendo que você tem que ser pobre!" Eu tento controlar minha impaciência. "Eu estou dizendo que você tem que lembrar como é, estar na parte de baixo da escada. É uma vida de distância de todos vocês." Eu movimento minha mão ao redor da sala. "Mas isso fui eu. E sinto como se isso tivesse sido há apenas seis semanas atrás. Eu era essa garota. Sem dinheiro, esperando por uma gratificação, me perguntando se eu nunca teria uma oportunidade, de pé numa chuva torrencial..." De repente me toquei que me deixei levar um pouco. "De qualquer maneira, posso dizer que se você atribuir isso a ela, ela realmente irá valorizar."

Houve uma pausa. Eu olhei para Eric, e ele estava com um fixo, lívido
sorriso em seu rosto.
"Certo". Penny levanta as sobrancelhas. "Bem... nós vamos voltar a Sally Hedge." Ela marca o seu papel.
"Obrigada. Eu não foi minha intenção interromper. Continuem." Eu peguei o bule de café e tentei rastejar para fora da sala silenciosamente, apenas tropecei brevemente sobre uma pasta MulBerry que alguém tinha deixado no chão.
Talvez eles darão um bônus a Sally Hedge ou talvez não. Mas, pelo menos, eu disse a minha parte. Eu peguei o jornal e estava só virando as páginas, para ver se havia uma sessão "Escritórios para Alugar", quando Eric aparece fora de seu gabinete.
"Ah oi", eu disse. "Fazendo uma pausa?"
"Lexi. Uma palavra." Ele me acompanha rapidamente ao meu quarto
e fecha a porta, ainda com aquele horrível sorriso em seu rosto.
"Por favor nunca mais interfira em minha empresa novamente."
Oh Deus, eu pensei que ele parecia irritado.
"Eric, eu sinto muito se interrompi a reunião," digo rapidamente. "Mas eu estava apenas expressando uma opinião."
"Eu não preciso de opiniões."
"Mas não é bom para falar sobre as coisas?" Eu digo em espanto. "Mesmo que discordemos? Quer dizer, assim que se mantém relacionamentos vivos! Conversando!"
"Eu não concordo."
Suas palavras estavam saindo como uma bala de fogo. Ele ainda tinha aquele sorriso, como uma máscara, como se ele tivesse que esconder o quão irritado ele realmente estava. E, de repente, é como um filtro caindo dos meus olhos. Não conheço este homem. Eu não amo ele. Não sei o que eu estou fazendo aqui.
"Eric, eu sinto muito. Eu... Não irei fazê-lo novamente." Eu caminhei até a janela, tentando reunir meus pensamentos. Então eu virei ao redor. "Posso fazer-lhe uma pergunta, uma vez que nós estamos falando? O que você realmente, genuinamente pensa? Sobre nós? O nosso casamento? Tudo?"
"Penso que estamos fazendo bons progressos." Eric acena com a cabeça, o seu humor instantaneamente melhor, como se nós tivéssemos mudado para um novo assunto na ordem do dia. "Estamos ficando cada vez mais íntimos...você começou a ter flashbacks... você já aprendeu tudo a partir do manual... Acho que está tudo caminhando junto. Tudo boas notícias."
Sua voz tinha um tom tão comercial. Como se a qualquer momento ele pudesse apresentar no PowerPoint um gráfico que mostrando como nós somos felizes. Como ele poderia pensar assim, quando ele nem mesmo estava interessado no que eu penso ou em qualquer uma das minhas idéias ou em quem eu realmente sou?
"Eric, eu sinto muito." Eu dei um suspiro profundo e desmoronei em uma cadeira de camurça sem braços. "Mas eu não concordo. Não acho que nós estejamos nos tornando mais íntimos, não realmente. E eu tenho... algo a confessar. Eu inventei o flashback".
Eric me encarou em estado de choque. "Você inventou isso? Porquê?"
Porque era isso ou a montanha de chantilly.
"Eu suponho que só... queria realmente que isso fosse verdade", eu improviso vagamente. "Mas a verdade é, eu não tenho lembrado nada todo este tempo. Você é ainda apenas um cara que conheci algumas semanas atrás."
Eric se senta pesadamente sobre a cama e nós esmorecemos no silêncio.
Eu peguei uma fotografia preto-e-branco nossa no dia do nosso
casamento. Estamos brindando um com o outro e sorrindo, e visivelmente felizes por fora. Mas agora eu olho com mais cuidado, e consigo ver a tensão em meus olhos.
Me pergunto-me por quanto tempo eu fui feliz. Me pergunto quando me toquei que eu tinha cometido um erro.
"Eric, vamos encarar isso, não está funcionando." Eu suspirei enquanto substituía a imagem. "Para nenhum de nós dois. Eu estou com um homem que eu não conheço. Você está com uma mulher que não se lembra de nada."
"Isso não tem importância. Estamos construindo um novo casamento.
Começando de novo!" Ele fazia gestos com as mãos para dar ênfase. A qualquer minuto que ele iria dizer que estávamos desfrutando um
"casamento – style living."
"Não estamos." Eu agitei a minha cabeça. "E eu não posso mais continuar com isso."
"Você pode, querida". Eric troca instantaneamente para o modo de operação ‘marido preocupado com inválida desordenada’." Talvez você esteja pressionando muito a si mesma. Descanse um pouco".
"Eu não preciso de um descanso! Eu preciso ser eu mesma!" eu me levantei, a minha frustração borbulhante vindo à tona. "Eric, eu não sou a garota com quem você pensa que casou. Eu não sei quem eu tenho sido nestes últimos três anos, mas não estava sendo eu. Eu gosto de cores. Eu gosto de bagunça. Eu gosto..." Eu agitei meus braços em volta. "Eu gosto de massas! Todo esse tempo, eu não estava com fome de sucesso, eu estava faminta."
Eric parecia totalmente perturbado.
"Querida", diz ele cuidadosamente. "Se isso significa tanto pra
você, nós podemos comprar algumas massas. Eu vou dizer a Gianna
para pedir - "
"Isso não é sobre as massas!" Eu grito. "Eric, você não compreende. Eu venho fingindo nas últimas semanas. E eu não posso mais fazer isso." Eu aponto para a tela grande." Eu não sou fã de toda essas coisas de alta tecnologia. Não me sinto à vontade. Pra ser honesta, prefiro viver em uma casa."
"Uma casa?" Eric parecia tão horrorizado como se eu tivesse dito que eu queria viver com um bando de lobos e de ter bebês com eles.
"Esse lugar é fantástico, Eric." De repente me sinto mal por criticar sua criação. "É impressionante e eu realmente admiro ele. Mas não é para mim. Apenas não sou feita não para... loft-style living."
Aargh. Eu não acredito nisso. Eu realmente fiz o gesto - arrastando as mãos paralelamente.
"Eu estou chocado..., Lexi". Eric pareceu verdadeiramente atingido. "Eu não tinha qualquer idéia de que você se sentia dessa forma."
"Mas o mais importante é, você não me ama." Eu encontrei o seu olhar de frente. "Não a mim".
"Eu te amo sim!" Eric parecia reconquistar a sua confiança. "Você sabe eu amo. Você é talentosa e bonita..."
"Você não acha que eu sou bonita."
"Sim, eu acho!" Ele parece absolutamente ofendido. "Claro que acho!"
"Você acha que a minha aplicação de colágeno é bonita," eu o corrigi
suavemente, agitando a minha cabeça. “E os meu dentes facetados e meu cabelo tingido."
Eric foi silenciado. Vejo ele me observando incredulamente.
Provavelmente eu disse a ele que era tudo natural.
"Eu acho que deveria me mudar." Tomo poucos passos de distância, focalizando sobre o tapete. "Lamento, mas é só... muita tensão".
"Eu acho que nós estamos apressando as coisas", diz Eric por fim. "Talvez um pausa seria uma boa ideia. Depois de uma semana ou duas, você verá as coisas de maneira diferente, e nós podemos pensar de novo. "
"Yeah". Fiz que sim com a cabeça. "Talvez."
• •
Me sentia estranha, fazendo as malas neste quarto. Esta não é a minha vida – é a vida de uma outra garota. Eu estou colocando o mínimo absoluto em uma mala Gucci que eu encontrei em um armário - algumas roupas íntimas, jeans, alguns pares de sapatos. Eu não sinto ter qualquer direito sobre todos aqueles ternos beges de designers. Também, para ser sincera, eu não os queria. Assim que eu estava acabamento, senti uma presença no quarto e vi Eric, na entrada.
"Eu tenho que sair", diz ele rigidamente. "Você vai ficar bem?"
"Sim, eu vou ficar bem." assenti. "Eu vou tomar um táxi para casa da Fi. Ela voltará pra casa mais cedo do trabalho." Eu fechei o ziper da mala, recuando com seu som de decisão. "Eric... obrigada por me receber aqui. Eu sei que isto tem sido difícil para você também."
"Eu me preocupo com você profundamente. Você deve saber disso." Lá estava Eric com verdadeira dor nos olhos, e eu sinto uma punhalada de culpa. Mas você não pode ficar com as pessoas por causa da culpa. Ou porque podem dirigir uma lancha. Fiquei de pé, esticando meu corpo de volta, e analisei o sólido, imaculado quarto. O design moderno da cama. A tela embutida. O quarto de vestir para todos aqueles milhões de roupas. Tenho certeza de que eu nunca vou viver em tão luxuoso lugar novamente na minha vida. Devo estar louca.
Enquanto o meu olhar percorre ao longo da cama, algo atravessa minha mente.
"Eric, eu faço algum chiado durante o sono?" Pergunto casualmente. "Você nunca reparou?"
"Sim, você faz." Ele assente. "Nós fomos a um médico por causa disso. Ele sugeriu que você aplicasse duchas em suas narinas com água salgada antes de se deitar, e prescreveu um clipe de nariz." Ele se dirige a uma gaveta, tira de uma caixa, e mostra um aparelho de plástico grosseiro. "Você quer levar isso com você?"
"Não," Eu disse depois de uma pausa. "Obrigada, mesmo assim."
Tudo bem. Eu estou tomando a decisão certa.
Eric coloca o clipe do nariz de volta no lugar. Ele então hesita - e me dá um abraço embaraçoso. Eu sinto como estivéssemos obedecendo
instruções do manual do casamento: Separação (despedir-se com abraço).
"Tchau, Eric," eu digo contra a sua cara e perfumada camisa. "Eu vejo você por aí."
Ridiculamente, sinto-me perto das lágrimas. Não por causa de Eric... mas porque acabou. Minha surpreendente, perfeita vida de sonho.
Por fim, ele se afasta. "Adeus, Lexi". Ele deu alguns passos para fora do quarto e um pouco depois, eu sabia que ele tinha ido.
Uma hora depois, eu realmente tinha, acabado de fazer as malas. No fim, eu não pude resistir levar outra mala estufada de lingerie da La Perla e maquiagens e produtos para o corpo Chanel. E uma terceira cheia de casacos. Quero dizer, quem mais iria querer eles? Não Eric. E eu tenho mantido a minha bolsa Louis Vuitton, pelos velhos tempos.
Dizer adeus a Gianna foi muito difícil. Dei-lhe um enorme abraço de despedida, e ela murmurou algo em italiano enquanto ela dava tapinhas na minha cabeça. Acho que ela meio que compreendeu.
E agora era só eu. Eu arrastar minhas malas, para a sala de estar,
então olhei para o meu relógio. Tinha ainda alguns minutos até o horário combinado com o táxi. Eu sentia como se estivesse admirando um hotel boutique elegante. Tinha sido um ótimo lugar para ficar, e as facilidades foram surpreendentes. Mas isso nunca foi um lar. Mesmo assim, eu não pude evitar uma enorme dor enquanto eu passei pelo enorme terraço pela última vez, cobrindo meus olhos contra o sol da tarde. Eu conseguia lembrar do dia que cheguei aqui e pensei que eu tinha desembarcado no paraíso. Aquilo parecia um palácio. Eric parecia ser um deus grego. Posso ainda trazer à lembrança aquela incrível euforia de vencedor da loteria.
Com um suspiro, me virei e voltei para dentro. Eu deveria ter adivinhado que eu recebi de bandeja a vida perfeita, apesar de tudo.
O que provavelmente significa que eu nunca fui Gandhi.
Enquanto eu estava fechando as portas do terraço me ocorreu que eu deveria dizer adeus ao meu animal de estimação. Eu movi a tela e cliquei no "cantinho dos bichinhos". Eu chamei o meu gatinho e assisti por um minuto, ele batendo uma bola, sempre fofinho e eterno.
"Tchau, Arthur," Eu digo. Sei que não é real, mas eu não posso evitar lamentar por ele, aprisionado no seu mundo virtual.
Talvez eu deva dizer adeus a Titan, também, apenas para ser
justa. Eu clicar no botão "Titan" e de uma só vez uma aranha de sis pernas aparece na tela, levantando-se para mim como uma espécie de monstro.
"Jesus!"
Em horror eu recuo, e no momento seguinte ouço uma forte queda. Eu girei em volta, ainda abalada - por ver uma bagunça de vidro, terra, e plantas no chão.
Ah, que ótimo! Trabalho magnífico. Eu tinha que nocautear uma dessas porcarias de plantas chiques. Orquídeas, ou o que quer que sejam.
Enquanto encarava os destroços em desânimo, uma mensagem fica piscando sobre a tela, em azul e verde brilhantes, mais e mais.
Ruptura. Ruptura.
Este lugar está realmente tentando me dizer alguma coisa. Talvez ele
seja bastante inteligente, afinal.
"Sinto muito!" Digo em voz alta para a tela. "Eu sei que eu costumo quebrar coisas, mas já estou indo! Você não terá de sinalizar para mim nunca mais!"
Eu peguei uma vassoura na cozinha, varri toda a sujeira e despejei no lixo. Então eu achei um pedaço de papel e escrevi um bilhete a Eric.
Caro Eric,
Eu quebrei a orquídea. Lamento.
Além disso, eu rasguei o sofá. Por favor, me envie a fatura.
Sua, Lexi.
A campainha tocou, assim que eu estava assinando, e eu apoiei o papel contra o novo leopardo de vidro.
"Oi," Eu digo ao telefone. "Vocês poderiam subir até o último andar?"
Eu talvez possa precisar de alguma ajuda com minhas malas. Deus sabe o que Fi vai dizer; eu disse a ela que eu estava apenas levando uma caixa de sapatos com coisas primeira necessidade.
Eu saí e me encostei ouvindo o elevador subindo para a cobertura.
"Olá!" eu comecei assim que as portas se abriram. "Me desculpe, é que eu tenho um monte de -" E então meu coração parou de bater.
Não era o taxista de pé na minha frente.
Era o Jon.
Ele estava vestido descompromissadamente jeans desbotados e camiseta. Seu cabelo escuro estava arrepiado para cima de forma irregular e seu rosto parecia todo amassado como se ele tivesse dormido na posição errada. Ele era o oposto do Eric imaculado, arrumado como um modelo da Armani.
"Olá," Eu digo, a minha garganta subitamente seca. "O que..."
Seu rosto é quase austero; seus olhos escuros tão intensos como nunca.
De repente me lembrou da primeira vez que o encontrei, no parque de estacionamento, quando ele ficou me estudando como se não pudesse acreditar que eu não lembrava dele.
Agora posso compreender por que ele pareceu tão desesperado quando eu disse a ele sobre o meu marido maravilhoso Eric. Posso compreender... um monte de coisas.
"Te liguei no trabalho", diz ele. "Mas disseram que você estava em casa."
"Yeah". Eu concordei com a cabeça. "Algumas coisas aconteceram no trabalho." Eu estava com tudo girando por dentro. Eu não conseguia olhar em seus olhos. Eu não sabia porque ele estava aqui. Tomei um passo de distância, encarando o chão, enroscando minhas mãos uma na outra fortemente; segurando minha respiração.
"Eu preciso dizer uma coisa para você, Lexi". Jon respira profundamente e todos os músculos do meu corpo endurecem de apreensão.
"Eu preciso... pedir desculpas. Eu não deveria ter importunado você;
Isso foi injusto."
Sinto-me balançada com o choque. Isso não era o que eu estava esperando.
"Eu pensei muito sobre isso", Jon continua rapidamente. "Eu percebi que este tem sido um momento impossível para você. Eu não tinha ajudado. E... você está certa. Você tem razão." Ele pausa. "Eu não sou o seu amante. Eu sou um cara que você acabou de conhecer".
Ele soa tão prático, que subitamente tinha um nó na minha garganta.
"Jon, eu não quis dizer..."
"Eu sei". Ele levanta a mão, a sua voz suave. "Não tem problema.
Sei o que você quis dizer. Isto tem sido difícil o suficiente para
você." Ele deu um passo mais próximo, seus olhos à procura dos meus. "E o que eu quero dizer é... Não se abata, Lexi.Você está fazendo o seu melhor. Isso é tudo que você pode fazer."
"Yeah". A minha voz estava engatada com lágrimas não derramadas. "Bem...Eu estou tentando".
Oh Deus, eu vou chorar. Jon parece perceber isso, e se afasta, como se fosse para me dar espaço.
"Como foi quando você fechou o negócio?"
"Bom". Sinalizei com a cabeça.
"Ótimo. Eu estou realmente satisfeito por você."
Ele acenava com a cabeça como se isto fosse a conclusão, como se ele estivesse prestes a dar a volta e sair. E ele nem sequer sabia ainda.
"Estou deixando Eric." Eu deixei escapar como uma libertação. "Estou
deixando desde já. Minhas malas estão prontas, o táxi está chegando..."
Não era minha intenção procurar pela reação do Jon, mas não consegui evitar.
E eu vi. A esperança rompendo em seu rosto como os raios de sol.
Então, passou novamente.

"Estou... satisfeito", diz ele, finalmente, medindo cuidadosamente. "Você provavelmente precisará de algum tempo para pensar sobre tudo. Isto é tudo ainda muito novo para você."
"Uh-huh. Jon ..." Minha voz estava apertada. Eu nem sequer sabia o que queria dizer.
"Não". Ele balança sua cabeça, e de algum modo uma maneja um sorriso torto. "Nós simplesmente deixamos escapar o nosso tempo."
"Não é justo."
"Não."
Através do vidro por trás Jon, de repente eu vejo um táxi preto
virando para a entrada. Jon segue o meu olhar, e vejo uma desolação súbita nos traços da maça do rosto dele. Mas, assim que ele
virou para trás, estava sorrindo novamente. "Eu vou ajudá-la a descer."
Quando as malas foram acondicionadas dentro do táxi e eu tinha dado o endereço de Fi ao motorista, eu parei do lado oposto ao Jon, o meu peito apertado, sem saber como dizer adeus.
"Então".
"Então". Ele toca minha mão brevemente. "Cuide-se bem."
"Você..." Eu engoli. "Você também."
Com as pernas tropeçando um pouco eu entrei no taxi e puxei a porta. Mas eu ainda não pude fazê-la fechar corretamente. Eu ainda não conseguia ouvir aquele horrível som metálico no final.
"Jon". Olhei para onde ele continuava de pé. "Nós fomos... realmente felizes juntos?"
"Nós fomos." Sua voz era tão baixa e seca que mal dava para ouvir; seu rosto cheio de uma mistura de amor e tristeza enquanto ele
assentia. "Fomos muito, muito felizes."
E agora as lágrimas estavam derramando nas minhas bochechas; meu estômago se contorcia em dor. Estava quase enfraquecendo. Eu poderia me atirar abrindo a porta; dizendo que eu mudei de idéia...
Mas eu não posso. Eu não posso apenas correr direto de um cara que eu não lembro para os braços de outro.
"Tenho que ir", eu sussurro, virando minha cabeça para onde eu não pudesse mais vê-lo; esfreguei furiosamente os meus olhos. "Eu tenho que ir. Tenho que ir."
Eu puxei a porta pesada e a fechei. E lentamente o táxi vai embora.