terça-feira, 28 de julho de 2009

Lembra De Mim Cap6

Capítulo 6

Mas não era nenhum sonho. Eu acordo na manhã seguinte e ainda é 2007. Eu ainda tenho perfeitos dentes brilhantes e um luminoso cabelo cor de castanha. E ainda tenho um grande buraco negro na minha memória. Eu só estou comendo meu terceiro pedaço de torrada e tomando um golinho de chá quando a porta abre e Nicole aparece empurrando uma mesa pequena sobre rodinhas carregada de flores. Eu fico de boquiaberta, impressionada com a ostentação. Deve haver em torno de 20 arranjos lá. Buquês amarrados... vasos de orquídeas... rosas com aparências formidáveis...
“Então... algum desses é pra mim?” eu não posso deixar de perguntar.
Nicole olha surpresa. “Todos eles.”
“Todos eles?” eu falo precipitadamente, quase cuspindo meu chá.
“Você é uma garota popular! Nós não temos mais vasos!” ela me dá um maço de pequenos cartões. “Aqui estão suas mensagens.”
“Wow.” Eu pego o primeiro cartão e o leio.

”Lexi, garota querida – se cuide,
Fique bem, vejo você em breve, todo meu amor.
Rosalie.”

Rosalie? Eu não conheço ninguém chamado Rosalie. Confusa, eu o coloco de lado pra depois e leio o próximo cartão.

Melhoras e fique boa logo.
Tim e Suki.

Eu também não sei quem é Tim e Suki.

Lexi, fique boa logo. Você logo estará de volta
para as trezentas repetições.
De todos os seus amigos da academia.

300 repetições? Eu?
Bem, eu acho que isso explicaria os músculos das pernas. Eu passo para o próximo cartão-- e finalmente, pessoas que eu na verdade conheço.

Fique boa logo, Lexi. Todas as melhoras para sua recuperação de
Fi, Debs, Carolyn e de todo mundo do Revestimento.

Conforme eu leio os nomes familiares, eu sinto uma brasa quente dentro de mim. É estúpido, mas eu quase pensei que os meus amigos tinham esquecido tudo sobre mim.
Nicolle interrompe meus pensamentos. “Então, seu marido é um bonitão.”
“Você acha?” eu tento parecer desinteressada. “Yeah, ele tem uma aparência muito boa, eu suponho.”

“Ele é incrível! E você sabe. Ele veio a enfermaria ontem, nos agradecendo tudo de novo por cuidar de você. Não muitas pessoas fazem isso.”
“Eu nunca estive com um cara como Eric em toda minha vida!” Eu abandono toda a pretensão de ser desinteressada. “Pra ser honesta, eu ainda não posso acreditar que ele é meu marido. Quero dizer, eu. E ele.”
Há uma batida na porta e Nicolle diz. “Entre.”
Ela se abre, e mamãe e Amy entram, ambas parecendo quentes e suadas. Arrastando entre elas seis sacolas de compras lotadas com álbuns de fotografia e envelopes.
“Bom dia.” Nicolle sorrir enquanto segura a porta. “Lexi está se sentindo muito melhor hoje. Vocês ficarão agradecidas por escutar.”
“Oh, não diga que ela se lembrou de tudo.” O rosto de mamãe pinga. “Depois de nós termos carregado todas essas fotos por todo esse caminho. Você sabe o quão pesado álbuns de fotografias são? E nós não conseguíamos encontrar uma vaga no estacionamento—“
Nicolle corta ela. “Ela ainda está experimentando uma severa perda de memória.”
“Obrigada aos céus por isso!” Mamãe de repente nota a expressão de Nicolle. “Quero dizer... Lexi, querida, nós trouxemos algumas fotos para lhe mostrar. Talvez elas provoquem sua memória.”
Eu olho a sacola de fotos, de repente excitada. Essas fotos irão me contar minha estória perdida. Elas irão me mostrar minha transformação de Snaggletooth para… o que quer eu seja agora.
“Manda ver!” Eu coloco pra baixo todas todas as mensagens das flores e me sento. “Me mostre minha vida!”

***

Eu aprendi muito com a estada no hospital. E uma coisa que eu aprendi foi, se você tem uma parenta com amnésia e quer reativar sua memória, apenas mostre a ela alguma foto antiga—não importa qual. São dez minutos mais tarde, mas eu ainda não vi uma única foto porque mamãe e Amy continuam discutindo sobre por onde começar.
“Nós não queremos sobressaltá-la.” Mamãe continua dizendo conforme elas duas reviram a sacola de fotos. “Agora, aqui está.” Ela pega uma foto em um porta-retrato de papelão.
“De jeito nenhum.” Amy o pega dela. “Eu estou com uma espinha no queixo. Eu pareço terrível.”
“Amy, é uma espinha minúscula. Você malmente consegue ver.”
“Sim, você consegue. E essa é uma das mais grosseiras.” Ela começa a rasgar as duas fotos em tiras.
Aqui estou eu, esperando para aprender tudo sobre a minha longa vida perdida, e Amy está destruindo a evidência?
“Eu não quero olha para suas espinhas!” Eu falo em voz alta. “Só me mostre uma foto! Qualquer uma!”
“Ta bom!” Mamãe avança pra frente da cama, segurando uma foto sem armação. “Eu a segurarei, Lexi. Só olhe para foto atentamente e veja se lhe lembra alguma coisa. Pronta?” Mamãe vira a foto ao contrário.
É uma foto de um cachorro vestido de Papai Noel.
“Mãe...” eu tento controla minha frustração. “Por que você está me mostrando um cachorro?”
“Querida, é a Tosca!” Mamãe parece ofendida. “Ela devia está muito diferente em 2004. E aqui está Raphael com Amy semana passada, os dois parecem adoráveis...”
“Eu pareço medonha.” Amy agarra a foto e a rasga antes que eu sequer veja.
“Pára de rasgar as fotos!” Eu quase grito. “Mãe, você trouxe fotografias de mais alguma coisa? Como pessoas?”
“Hey, Lexi, você lembra disso?” Amy adianta-se segurando um colar distinto com uma rosa feita de jade. Eu olho para isso com os olhos semicerrados, tentando desesperadamente pescar alguma memória.
“Não.” Eu digo finalmente. “Isso não me sugere nada.”
“Legal. Posso ficar com ele?”

“Amy!” diz mamãe. Ela folheia todas as fotos em sua mão com desagrado. “Talvez nós devêssemos só esperar o Eric vir com o dvd do casamento. Se isso não reativar sua memória, nada mais o fará.”
O dvd do casamento.
Meu casamento.
Toda vez que eu penso nisso, meu estômago se agita com um tipo de excitação, antecipação nervosa. Eu tenho um dvd do casamento! O pensamento é estranho, eu nem sequer posso me imaginar como noiva. Eu vesti um vestido rodado com uma cauda e um véu com algum arranjo floral horroroso na cabeça? Eu nem mesmo posso me obrigar a perguntar.
“Então... ele parece legal.” Eu digo. “Eric, quero dizer. Meu marido.”
“Ele é super.” Mamãe assente com a cabeça distraidamente, ainda folheando fotos de cachorros. “Ele faz muita caridade, você sabe. Ou a companhia faz, eu devo dizer. Mas é a companhia dele, então dá tudo na mesma.”
“Ele tem sua própria companhia?” Eu olho de sobrancelhas franzidas, confusa. “Eu pensei que ele era um agente em estado real.”
“É uma companhia que vende propriedades, querida. Grandes lofts por toda Londres. Ele liquidou uma grande parte ano passado, mas ainda tem o controle da sociedade.”
“Ele fez 10 milhões de libras.” Diz Amy, que ainda está agachada sobre a sacola de fotos.
“Ele o que? Eu encaro ela.
“Ele é podre de rico.” Ela olha pra cima. “Ah, fala sério. Não diga que você não tinha percebido isso?”
“Amy!” diz mamãe. “Não seja tão vulgar!”
Eu totalmente não consigo falar. De fato, eu me sinto um pouco fraca. Dez milhões de libras?
Há uma batida na porta. “Lexi, eu posso entrar?”
Oh, meu Deus. É ele. Eu apressadamente verifico meu reflexo e espirro em mim um pouco de perfume Chanel que eu achei na bolsa Louis Vuitton.
“Entre, Eric.” Chama mamãe.
Os balanços da porta se abrem – e lá está ele, manipulando duas sacolas de compras, outro buquê de flores uma cesta cheia de frutas. Ele está vestindo uma camisa listrada e uma calça marrom claro, um amarelo suéter de caxemira e mocassins com borlas.

“Oi, querida.” Ele coloca todas as suas coisas no chão, então vem em direção a cama e me beija gentilmente na bochecha. “Como você está indo?”
“Muito melhor, obrigada.” Eu sorrio pra ele.
“Mas ela ainda não sabe quem você é.” Amy interfere. “Você é só algum cara em um suéter amarelo.”
Eric não parece nem levemente irritado. Talvez ele esteja acostumado com a Amy sendo reclamona.
“Bem, nós iremos tentar resolver isso hoje.” Ele levanta uma das sacolas, soando energizado. “Eu trouxe fotos, dvds, lembranças. Vamos reintroduzir você em sua vida. Bárbara, por que você não põe o dvd do casamento?” Ele entrega um disco brilhante a mamãe. “E... pra você começar, Lexi... nosso álbum de casamento.” Ele levanta um álbum de pele de bezerro (???] com aparência cara até a cama e eu sinto um zunido de dúvida assim que eu vejo as palavras gravadas
ALEX E ERIC
3 DE JUNHO DE 2005
Eu o abro e meu estômago parece cair uma milha. Eu estou encarando uma fotografia em preto e branco de mim como uma noiva. Eu estou usando um longo vestido branco, meu cabelo está em um nó liso, e eu estou segurando um buquê minimalista de lírios. Nada bufante (não sei se essa era bem a palavra) à vista.
Mudamente, eu viro para próxima página. Lá está Eric em pé ao meu lado, vestido em black tie. Na página seguinte, nós estamos segurando taças de champagne e sorrindo um para o outro. Nós parecemos tão lustrosos. Como as pessoas em uma revista. Esse é o meu casamento. O meu verdadeiro, casamento da vida real. Se eu precisava de prova... essa é a prova.
Da tela da tv, de repente, vem um som misturado de pessoas rindo e conversando. Eu olho pra cima e sinto um novo choque. Na tela, Eric e eu estamos posando em nossos trajes. Nós estamos em pé do lado de um bolo branco enorme, segurando uma faca juntos, rindo pra alguém fora da tela. Eu não consigo tirar os olhos de mim mesma.
“Nós escolhemos não gravar a cerimônia.” Eric está explicando. “Essa é a festa mais tarde.”

“Certo.” Minha voz está um bocadinho rouca.
Eu nunca fui tola sobre casamentos. Mas conforme eu nos vejo cortando o bolo, sorrindo pras câmeras, posando de novo com alguém que faltou na fotografia... meu nariz começa a formigar. Este é o dia do meu casamento, o tão chamado dia mais feliz da minha vida, e eu não me lembro de nenhuma coisa sobre isso.
A câmera gira ao redor, captando o resto das pessoas que eu não reconheço. Eu localizo a mamãe, em um terno azul marinho, e Amy, vestindo um vestido roxo de alça. Nós estamos em algum lugar enorme espaço de aparência moderna com paredes de vidro e cadeiras modernas e arranjos de flores por todos os lugares, e as pessoas estão espalhando-se pelo amplo terraço, taças de champagne em suas mãos.
“Aonde é esse lugar?” eu pergunto.
“Querida...” Eric dá uma risada desconcertada. “Essa é a nossa casa.”
“Nossa casa? Mas é maciça. Olha pra isso!”
“É a cobertura.” Ele assente com a cabeça. “Tem um bom tamanho.”
Um bom tamanho? É como um campo de futebol. Meu pequeno flat em Balham provavelmente caberia em um desses capachos.
“E quem é essa?” eu aponto para uma bonita garota em um vestido rosa bebê sem alças que está sussurrando em meus ouvidos.
“Essa é a Rosalie. Sua melhor amiga.”
Minha melhor amiga? Eu nunca vi essa mulher antes na minha vida. Ela é muito magra e bronzeada, com olho azuis enormes, com um bracelete pesado em seu pulso e óculos de sol presos em seu cabelo loiro estilo garota californiana.
Ela me mandou flores, eu de repente me lembro. Garota querida... amor, Rosalie.
“Ela trabalha na Deller Carpets?”
“Não.” Eric sorri como se eu tivesse contado uma piada. “Essa parte é engraçada.”
Ele gesticula para tela. A câmera está nos seguindo conforme nós andamos pelo terraço, e eu apenas posso ouvir a mim mesma rindo e dizendo, “Eric, o que você está olhando lá em cima?” Todo mundo está olhando pra cima por alguma razão. Eu não tenho idéia de porquê--
E então a câmera foca e eu vejo. Escrita no céu.

Lexi, eu vou amar você para sempre. Na tela, todo mundo está ofegando e apontando, então eu me vejo olhando fixamente para cima, apontando, protegendo meus olhos, então beijando Eric.
Meu marido organizou uma escrita no céu surpresa pra mim no dia do meu casamento e eu não consigo lembrar disso? Eu quero chorar.
“Agora, aqui somos nós em um feriado em Mauritius ano passado...” Eric avançou o dvd e eu encaro duvidosamente a tela. Essa garota caminhando pela areia sou eu? Meu cabelo está trançado, e eu estou bronzeada e magra e vestindo um biquíni fio dental vermelho. Eu pareço com o tipo de garota que eu normalmente encararia com inveja.
“E esses somos nós no baile de caridade...” Eric avançou e lá estamos nós de novo. Eu estou usando um provocante vestido de noite azul, dançando com Eric em um formidável salão.
“Eric é um benfeitor muito generoso.” Mamãe diz, mas eu não respondo. Eu estou com a atenção fixada em um cara bonito, de cabelo escuro, em pé perto da pista de dança. Espera um minuto. Eu não... conheço ele de alguma lugar?
Eu conheço. Eu conheço. Eu definitivamente o reconheço. Finalmente!
“Lexi?” Eric percebeu minha expressão. “Isso está sacudindo sua memória?”
“Sim!” Eu não posso deixar de dar um jubiloso sorriso. “Eu me lembro desse cara da esquerda.” Eu aponto pra tela. “Eu não tenho certeza de quem ele é exatamente, mas eu conheço ele. Muito bem! Ele é afetuoso, e engraçado, e eu acho que talvez ele seja um médico... ou talvez eu o conheci em um casino—“
“Lexi,” Eric gentilmente me corta. “Esse é o George Clooney, o ator. Ele era um membro convidado para o baile.”
“Oh.” Eu esfrego meu nariz, frustrada. “Oh. Certo.”
George Clooney. É claro que é. Eu sou uma idiota. Eu me afundo de volta em meus travesseiros, desanimada.
Quando eu penso em todas as coisas medonhas, mortificantes que eu consigo lembrar. Tendo que comer semolina na escola quando eu tinha sete anos, e quase vomitando.

Vestindo um traje de banho branco quando eu tinha quinze anos e saindo da piscina, e estava transparente e todos os garotos riram. Eu me lembro dessa humilhação como se fosse ontem.
Mas eu não consigo me lembrar de caminhar por uma perfeita areia de uma praia em Mauritius. Eu não consigo me lembrar de dançar com o meu marido em um maravilhoso baile. Olá, cérebro? Você tem algumas prioridades?
“Eu estava lendo sobre amnésia noite passada.” Amy diz de sua possição pernas cruzadas no chão. “Vocês sabem qual o sentido provoca melhor a memória? Olfato. Talvez você deva cheirar o Eric.”
“É verdade.” Mamãe coloca inesperadamente. “Como aquele rapaz, Proust. Um cheiro de um bolo encantador e tudo veio submergindo de volta para sua mente.”
“Vá em frente.” Amy diz encorajadoramente. “Vale a pena uma tentativa, não é?”
Eu olho de relance para Eric, embaraçada. “Você se importaria se... eu cheirasse você, Eric?”
“Nenhum pouco! Vale a pena tentar.” Ele senta na cama e pausa o dvd. “Eu devo levantar meus braços, ou...”
“Um... acho que sim.”
Solenemente, Eric levanta seus braços. Eu me inclino pra frente cuidadosamente e cheiro sua axila. Eu consigo cheirar sabão, e loção pós-barba, e um suave, viril tipo de cheiro. Mas nada está apressando-se de novo em meu cérebro.
Exceto visões de George Clooney em Onze homens e um segredo. Eu não posso mencionar isso.
“Alguma coisa?” Eric está congelado, rígido com seus braços posicionados para cima.
“Nada ainda.” Eu digo depois de cheirar de novo. “Quero dizer, nada muito forte...”
“Você deve cheirar a virilha dele.” Diz Amy
“Querida!” mamãe diz fracamente.
Eu não consigo deixar de olhar de relance para virilha de Eric. A virilha com que eu casei. Parece realmente generosa, embora você nunca possa dizer completamente. Eu gostaria de saber—
Não. Não é o ponto agora.
“O que vocês deveriam fazer é sexo.” Amy diz em meio a um silêncio desagradável, então estoura seu chiclete. “Você precisa do cheiro pungente do corpo um do outro--”

“Amy!” mamãe corta ela. “Querida! Isso é já demais.!”
“Eu só estou dizendo! Essa é uma cura própria natural para amnésia!”
“Então.” Eric deixa seus braços caírem de novo. “Não exatamente o maior sucesso.”
“Não.”
Talvez Amy esteja certa. Talvez nós devêssemos fazer sexo. Eu olho de relance para Eric – e eu me convenço de que ele está pensando a mesma coisa.
“Não importa. Ainda são os primeiros dias.” Eric sorri conforme ele se aproxima do álbum de casamento, mas eu posso dizer que ele está desapontado também.
“Se eu nunca me lembrar?” eu olho em volta do quarto. “ Se todas essas memórias se perderam pra sempre e eu nunca possa tê-las de volta? Nunca?
Assim que eu olho em volta para as caras preocupadas, eu de repente me sinto impotente e vulnerável. É como quando meu computador quebrou e eu perdi todos os meus emails, só um milhão de vezes pior. O técnico ficava me dizendo que eu deveria ter salvado em outro lugar todos os meus arquivos, mas como você vai salvar em outro lugar o seu próprio cérebro?

*****

De tarde, eu vejo um neuropsicólogo, Neil. Ele é um caro amigável, em jeans. Eu sento em uma mesa com ele, fazendo testes – e eu tenho que dizer, eu sou muito boa! Eu me lembro da maioria das vinte palavras em uma lista, eu me lembro de uma pequena estória, eu desenho uma figura de memória.
“Você está funcionando extremamente bem, Lexi.” Neil diz depois de preencher o último quadrado de verificação. “Suas habilidades executivas estão lá, sua memória a curto prazo está realmente boa considerando, você não tem nenhuma maior problema cognitivo... mas você está sofrendo de uma amnésia retrógrada focal severa. Isso é muito incomum, você sabe.”
“Mas por quê?”
“Bem, tem haver com o jeito como você bateu a cabeça.” Ele inclina-se pra frente, animado, desenha um esboço de uma cabeça em seu papel e começa a preencher um cérebro.

“Você teve o que nós chamamos de ferimento acelaração-retardação. Quando você bateu no pára-brisa, seu cérebro foi jogado ao redor de seu crânio, e uma pequena área de seu cérebro foi, nós devemos dizer, beliscada. Poderia se dizer que você fez um dano ao seu armazém de memórias... ou que você causou um dano a sua habilidade de recobrar memórias. Nesse caso, o armazém está intacto, se você convir, mas você está incapaz de abrir a porta.”
Seus olhos estão brilhando, como se isso tudo fosse muito fabuloso e eu devesse ta excitada comigo mesma.
“Você não pode me dar um choque elétrico” eu digo em frustração. “Ou me bater na cabeça ou algo assim?”
“Eu temo que não.” Ele olha divertido. “Contrariando a crença popular, bater numa cabeça com amnésia não trará as memórias deles de volta. Então não tente isso em casa.” Ele empurra pra trás sua cadeira. “Deixe-me levá-la ao seu quarto.”
Nós chegamos de volta ao meu quarto para achar a Mamãe e a Amy ainda assistindo ao dvd enquanto Eric fala em seu celular. Imediatamente ele encerra a conversa e fecha seu celular. “Como você progrediu?”
“Do que você lembrou, querida?” mamãe interrompe.
“Nada.” Eu admito.
“Uma vez que Lexi voltar aos arredores familiares, ela provavelmente achará o retorno para suas memórias naturalmente.” Diz Neil de maneira tranqüilizadora. “Embora possa levar um tempo.”
“Certo.” Eric assente com a cabeça seriamente. “Então, o que vem a seguir?”
“Bem,” Neil lê rapidamente minhas notas. “Você está em boa forma fisicamente, Lexi. Eu diria que você provavelmente vai ser liberada amanhã. Eu vou marcar uma hora pra você uma vez por mês como uma paciente não hospitalizada. Até lá, o melhor lugar pra você é casa.” Ele sorri. “Eu tenho certeza que também é onde você quer estar.”
Mesmo eu dizendo as palavras, eu percebo que eu não sei o que entendo por casa. Casa era o meu flat em Balham. E ele se foi.
“Qual é o seu endereço?” ele pega uma caneta. “para as minhas anotações.”
“Eu não... tenho certeza.”
“Eu irei anotá-lo.” Eric diz utilmente, e pega a caneta.
Isso é loucura. Eu não sei onde eu moro. Eu estou como alguma velha senhora.
“Bem, boa sorte, Lexi.” Neil olha para Eric e mamãe. “Vocês podem ajudar dando a Lexi quantas informações forem possíveis sobre a vida dela. Anotem coisas. A levem de volta a lugares em que ela esteve. Qualquer problema, só me chamar.”
A porta fecha atrás de Neil e há silêncio, fora os sons da tv. Mamãe e Eric estão trocando olhares. Se eu fosse um teórico da conspiração, eu diria que eles estiveram traçando um plano.
“O que é?”
“Querida, sua mãe e eu estivemos conversando mais cedo sobre como iríamos” – ele hesita – “lidar com a sua liberação.”
Lidar com a minha liberação. Ele soa como se eu fosse uma perigosa psicótica prisioneira.
“Nós estamos em uma situação muito estranha aqui.” Ele continua. “Obviamente eu ia amar se você quisesse voltar pra casa e reassumisse sua vida de novo. Mas eu percebo que você pode achar isso desconfortável. Depois de tudo... você não me conhece.”
“Bem, não.” Eu mordo meu lábio. “Não conheço.”
“Eu disse para o Eric, você é muito bem-vinda para vir e ficar conosco.” Coloca mamãe.”Obviamente, isso vai ser um pouco rompente, e você terá que dividir com Jake e Florian, mas eles são bons cachorros.”
“Aquele quarto fede.” Amy diz.
“Não fede, Amy.” Mamãe parece afrontada. “O empreiteiro disse que era simplesmente uma questão de secar uma coisa-ou-outra.” Ela faz um gesto vago.
“Decomposição.” Diz Amy sem tirar seu olhar da televisão. “e ele fede.”
Mamãe está piscando severamente em aborrecimento. Enquanto isso, Eric vem, seu rosto mostrando preocupação.
“Lexi, por favor, não pense que eu ficarei ofendido. Eu compreendo o quão difícil isso é para você. Eu sou um estranho para você, pelo amor de Cristo.” Ele estende seus braços. “Por que na terra você iria querer vir pra casa comigo?”
Eu sei que é minha deixa para responder – mas eu de repente fiquei distraída com a imagem na tela da tv. Somos eu e Eric em uma lancha.

Sabe Deus onde nós estamos, mas o sol está brilhante e o mar está azul. Nós estamos ambos usando óculos de sol e Eric sorri pra mim conforme ele dirige o barco e nós parecemos totalmente glamurosos, como alguma coisa tirada do filme do James Bond.
Eu não consigo deixar de olhar pra isso, fascinada. Eu quero essa vida surge em meu cérebro. Ela pertence a mim. Eu mereci isso. Eu não vou deixar escapar pelos meus dedos.
Eric ainda está falando. “A última coisa que eu quero é ficar no caminho da sua recuperação. O que você quiser fazer, eu vou entender completamente.”
“Certo. Sim.” Eu tomo um gole de água, brincando com o tempo. “Eu só... vou pensar nisso por alguns minutos.”
Okay, vamos só deixar minhas opções absolutamente claras aqui:
1. Um quarto em putrefação em Kent que eu tenho que dividir com dois cães.
2. Um palaciano flot em Kensington com, meu bonito marido que sabe dirigir uma lancha.
“Você sabe o que, Eric?” eu digo cuidadosamente, medindo minhas palavras. “Eu acho que eu devo ir e morar com você.”
“Você está falando sério?” o rosto dele se ilumina, mas eu posso perceber que ele está surpreso.
“Você é meu marido.” Eu digo. “Eu devo ficar com você.”
“Mas você não se lembra de mim.” Ele diz duvidosamente. “Você não me conhece.”
“Eu irei conhecer você de novo!” eu digo com o entusiasmo crescendo. “Certamente a melhor chance que eu tenho de relembrar a minha vida é vivê-la. Você pode me dizer sobre você, sobre mim e nosso casamento, eu posso aprender isso de novo! E o doutor disse que circunstâncias familiares ajudariam. Elas provocarão o meu sistema de recuperação ou o que seja.”
Eu estou mais e mais positiva sobre isso. Então eu não sei nada sobre o meu marido ou minha vida. O ponto é, eu casei com um multimilionário lindo que me ama e tem uma enorme cobertura e me trouxe rosas cinza-amarronzadas. Eu não vou jogar tudo isso fora só por causa do pequeno detalhe de que eu não consigo me lembrar dele (do Eric).

Todo mundo tem que trabalhar o casamento de um jeito ou de outro. Eu vou apenas ter que trabalhar a parte “lembrando do marido.”
“Eric, eu realmente quero ir pra casa com você.” Eu digo o mais sinceramente que eu consigo. “Eu tenho certeza de que nós temos um ótimo amoroso casamento. Nós podemos fazê-lo funcionar.”
“Seria maravilhoso ter você de volta.” Eric ainda parece preocupado. “Mas, por favor, não sinta nenhum senso de obrigação—“
“Eu não estou fazendo isso por obrigação! Eu estou fazendo isso porque... só parece certo.”
“Bom, eu penso que é uma idéia muito boa.” Mamãe coloca.
“É isso, então.” Eu digo. “Decidido.”
“Obviamente você não irá querer que...” Eric hesita estranhamente. “Quero dizer, eu ficarei na suíte de hóspede.”
“Eu apreciaria isso.” Eu digo, tentando igualar ao tom formal dele. “Obrigada, Eric.”
“Bem, se você tem certeza sobre isso...” O rosto inteiro dele está iluminado. “Vamos fazer isso apropriadamente, eu devo?” Ele olha de relance para o meu anel de casamento, ainda deitado no criado mudo, e eu sigo o seu olhar.
“Sim, vamos!” eu assinto com a cabeça, de repente excitada.
Ele pega os dois anéis e subconscientemente eu mostro a minha mão esquerda. Eu assisto, paralisada, Eric deslizar os anéis pelo meu dedo. Primeiro a aliança de casamento, depois o enorme solitário de diamante. Há um silêncio pelo quarto conforme eu olho de relance para minha mão (beringed) (seria mão com anéis, eu acho).
Porra, esse diamante é enorme.
“Você está confortável, Lexi?” Eric pergunta. “Isso parece certo?”
“Isso parece... ótimo! De verdade. Apenas certo.”
Um imenso sorriso atravessa meu rosto conforme eu viro as mãos desse jeito e daquele. Eu sinto como se alguém devesse jogar confetes ou cantar a marcha nupcial. Duas noites atrás eu estava em um bar de merda abandonada pelo Perdedor Dave. E agora... eu estou casada!

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